ColorADD: Zara, Swatch e Lego com código de cores para daltónicos?

Miguel Neiva pretende apresentar o ColorADD a grupos como a Inditex, Benetton, Swatch e Lego para que o código seja adoptado. Futuro passa ainda pelos Jogos Olímpicos

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O designer Miguel Neiva diz que “90 por cento dos daltónicos precisa de ajuda para comprar roupa” DR

O designer português que criou o ColorADD pretende em 2013 “bater à porta” de grupos internacionais como a Inditex, Benetton, Swatch e Lego para os desafiar a adoptar aquele código inovador e universal de identificação de cores para daltónicos. Em entrevista à agência Lusa, Miguel Neiva disse tratar-se de “nomes emblemáticos em que a cor é um factor de comunicação que os posiciona no mercado” e salientou que a adopção do ColorADD por estas marcas seria um marco na divulgação e impacto social do projecto.

“Se para eles, do ponto de vista económico, do negócio, isto trouxer benefícios, para nós não é irrelevante, porque quanto mais venderem mais vão divulgar o código”, afirmou. Já implementado ou em vias de implementação em diversas áreas, desde a saúde (Hospital de S. João, Hospital dos Capuchos e fármacos hospitalares) e transportes (Metro do Porto) ao material didáctico (lápis de cor Viarco e jogos didácticos), entre outros, o ColorADD está a dar os primeiros passos nos sectores do calçado e do têxtil, com a introdução do código nos sapatos da portuguesa Dkode e nas etiquetas das marcas nacionais de vestuário Blankpage, Zippy e Modalfa (estas últimas na Primavera/Verão de 2013).

Miguel Neiva salientou que o vestuário é uma área onde a adopção do código assume particular relevância, já que “90 por cento dos daltónicos precisa de ajuda para comprar roupa”. “Com a Zippy fizemos um catálogo com 1.920 cores já referenciadas com o código, o que quer dizer que, amanhã, já estamos perfeitamente preparados para ir bater à porta de grupos como a Inditex ou a [United Colors of] Benetton, que são daqueles marcos que fazem todo o sentido”, afirmou.

Um projecto “ainda não para este ano”, admitiu, mas “para 2013”, uma vez que nessa altura as marcas portuguesas já terão implementado o projecto e feito a respetiva divulgação: “Depois, já não é só chegar à Inditex ou Benetton com a ideia possível de isto ser implementado, mas com uma situação concreta”, sustentou. De acordo com Miguel Neiva, paralelamente à vertente mais comercial, o ColorADD ambiciona assumir-se na área da educação, tendo, no âmbito do trabalho em curso com a direcção-geral da Educação, sido criada uma organização não-governamental para aplicar o projecto nas escolas nacionais. O objectivo, disse, é “ajudar a potenciar nas escolas o conhecimento e a aprendizagem não só do ponto de vista da comunicação da cor, mas também usar o projecto como uma ferramenta aumentativa para que os alunos do primeiro ciclo possam aprender melhor”.

Rumo ao Jogos Olímpicos em 2016

Depois da uma primeira “incursão” na área do desporto com a utilização do código nos jogos da CPLP pelo Instituto do Desporto de Portugal e pela secretaria de Estado do Desporto e Juventude, Miguel Neiva está agora a “preparar um dossiê” propondo a adopção do ColorADD nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

Admitindo que, tratando-se de um evento “à escala mundial”, os jogos olímpicos “seriam um meio de divulgação muito grande” do projecto, o designer destacou que, estando envolvidos 205 países e mais de 80 idiomas, “indiscutivelmente a cor será ali um factor de comunicação, não só a nível das credenciais dos atletas, jornalistas, VIP ou imprensa, como da distribuição dos jogos por áreas temáticas e modalidades, organização dentro do recinto desportivo, cor das bancadas, orgânica dentro da aldeia olímpica e parques de estacionamento”.

A “vertente institucional” e o “cariz social” do projecto são dois aspectos também muito valorizados por Miguel Neiva, que acredita poder contribuir para “um mundo mais inclusivo”. “Para não perdermos este cariz social há licenças [de utilização do código] que oferecemos, nas áreas da educação e da saúde, porque queremos massificar esta linguagem, que é inclusiva”, afirmou.

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