Daqui a alguns anos, teremos um Valley em Portugal!

Miguel Gonçalves e Tânia Delalande, fundadores da Spark Agency, foram a Silicon Valley e descobriram que há alunos que abandonam a universidade porque têm sucesso

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Lee Celano/Reuters

Numa aventura à descoberta do mágico epicentro da inovação mundial, os empreendedores portugueses estiveram com vários portugueses que trabalham no Vale, visitaram algumas das mais incríveis empresas, estiveram na Google, Linkedin, foram ao Facebook — onde estiveram a pouco mais de um metro de Mark Zuckerberg (e descobriram que as paredes estão pintadas apenas até meio numa alusão ao facto de que as coisas nunca estarem acabadas) — e sentiram na pele a inovação disruptiva que as caracteriza.

 

As conclusões desta aventura não podiam ter sido mais claras: Silicon Valey é um local onde a ambição, a agressividade, o foco e a disciplina são incomparáveis, muito por virtude de ser o local que consegue agregar os melhores talentos do mundo. Deste ecossistema saltam à vista aspectos como os "contracts at will", ou seja, a colaboração entre pessoas e empresas não tem um horizonte temporal definido, o que possibilita a qualquer uma das partes suspender a colaboração e poder aceitar um novo desafio ou recrutar um novo colaborador.

 

Destaca-se a cultura de risco, o facto de toda a gente estar a experimentar construir "something cool and outrageous". A informalidade nas relações é surpreendente, qualquer pessoa é ouvida, mesmo que seja um miúdo de 18 anos (pode ter uma ideia de um bilião de dólares). Fala-se de "T-shaped people", ou seja, pessoas com competências em áreas transversais e relações de mentoria formais entre startupers e serial entrepeneurs fazem deste lugar um espaço absolutamente fértil para a criação de startups.

 

A distância que separa a nossa realidade de criação de startups e a deles é monumental e, em bom rigor, levam 50 anos de avanço. Podemos e devemos tentar encurtar este espaço de tempo, mas não vamos competir a curto prazo. Precisamos de mais intencionalidade.

 

A verdade é que a própria história daquele país foi desenhada neste pressuposto, por não terem um passado, estão inequivocamente concentrados no futuro e, por inerência, colocam os "ovos todos na mesma cesta". Esta aparente pequena diferença é a grande diferença. Não se fazem várias coisas ao mesmo tempo, ou lanças a tua empresa ou trabalhas na dos outros. Coloca os ovos todos na mesma cesta e "play like you mean it"!

 

Abandonar a universidade devido ao sucesso

Numa perspectiva diferente, a do mundo académico, visitaram ainda a universidade de Stanford, reconhecida como uma das melhores do mundo, com um orçamento anual de 4 biliões de dólares, onde perceberam que já não se discute o problema da aproximação das empresas à academia, as empresas estão dentro da Academia, há um pavilhão Hoover, Gates, HP, Google, etc, e mais, as empresas nascem dentro da própria universidade, onde os alunos são incentivados a criar e fazer crescer os seus próprios negócios.

 

Um dos mais polémicos projectos neste momento em Silicon Valley é o 20 under 20, um framework do Peter Thiel (fundador do PayPal e serial entrepeneur) onde 20 jovens com menos de 20 anos veêm as suas startups investidas desde que, abandonem a universidade! Contudo, importa reflectir sobre isto, os alunos não tem sucesso porque abandonam a Universidade, abandonam porque tem sucesso.

 

No limite Silicon Valley é uma experiência incrível de onde podem ser retirados grandes "insights" para qualquer negócio ou carreira. Em Portugal o nosso ecossistema de criação de negócios e ideias de negócio em alguns contextos é fértil e atravessa momentos muito auspiciosos. São vários os diversos focos que surgem rapidamente um pouco por todo o país e é provável que, em alguns anos, tenhamos adquirido uma maturidade assinalável.

 

Há muita gente muito boa está a trabalhar para fazer a diferença nos ambientes de aceleração em Braga, Porto, Lisboa, etc… daqui a alguns anos, teremos um Valley em Portugal!

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