“Depois do Não, Pára!”: pelo fim da violência sexual entre universitários

A APAV lançou uma campanha para garantir o fim dos crimes sexuais entre os estudantes do ensino superior. Vídeos, "flyers" e também acções na Queima das Fitas são os meios de difusão

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Estudo diz que quase 30% dos estudantes universitários já sofreu pelo menos um acto de violência sexual DR

É em cenário de festas académicas, como a Queima das Fitas, que as noites podem ter um final infeliz e imprevisível. São inúmeras as vítimas de violência sexual no ensino superior e comportamentos de perigo, como o consumo de drogas e álcool, encorajam a desinibição nas atitudes, nomeadamente de teor sexual. 

 

Por isso, a partir do projecto “Unisexo”, que previne a violência no namoro no meio académico, a Associação de Apoio à Vítima (APAV) desenvolveu a campanha "Depois do Não, Pára! Respeita a vontade dos outros. A violência sexual é crime". O objectivo passa por eliminar os actos de violência sexual, bem como ajudar as vítimas e sensibilizar todos os jovens para estas situações de hostilidade. Com os estudantes de ensino superior como público-alvo, a rádio, a internet, os "flyers", mupis e vídeos são as principais formas de difusão. 

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Cartaz da campanha criada pela APAV

 


Segundo Natália Cardoso, da APAV, este tipo de abuso entre estudantes nunca tinha sido abordado.  Daí surgiu a necessidade de criar esta iniciativa, como forma de ajudar e apoiar as vítimas, com foco na cidade universitária, Coimbra. 
A responsável pelo projecto admite mesmo que a maioria das queixas são feitas dias ou até meses após o acto de violência.

 

29,3% dos estudantes já foram vítimas 

De acordo com um estudo recente da Universidade do Minho (UM), 29,3% dos estudantes que frequentam o ensino superior já sofreu pelo menos um acto de violência sexual. Dessa amostra, 60% são alunas do sexo feminino, enquanto que 40% pertence, claro, à população masculina. Já estudos internacionais apontam para índices de prevalência de vitimação sexual feminina entre os 25% e os 30%, sendo que entre 75% a 90% não denunciaram os crimes às autoridades ou estruturas de ajuda, refere a associação na apresentação da campanha no site.

 

Apesar destes números, Natália Cardoso afirma que a APAV recebe queixas com pouca frequência, uma vez que, por estarem em causa pormenores íntimos e privados, a informação acaba por ser retraída por parte dos jovens que sofrem actos não consentidos. O sistema utilizado pela APAV consiste no apoio psicológico, jurídico e emocional, quer seja através de e-mail e telefone, apesar de insistirem no contacto pessoal. Ajudam não só a vítima, mas também a família.

 

Esta campanha vai ainda ser intensificada nas festas académicas mais frequentadas, como a Latada e a Queima das Fitas de Coimbra, em colaboração com a Associação Académica de Coimbra e a Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação de Coimbra (AEESEC). O recinto da Queima vai ter, pela primeira vez, acções de sensibilização para com os estudantes. Pretendem abordar a desvalorização do acto sexual forçado, ajudar vítimas de abuso sexual e as famílias e a prevenção de comportamentos de risco.

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