Na Sub 954 todas as bicicletas antigas são recuperáveis

As bicicletas dos anos 70 e 80 são as mais populares. O proprietário admite que encontrar as peças para estas biclas antigas pode ser um "trabalho sujo"

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Tiago Costa, de 27 anos, é o criador da Sub 954 Fernando Veludo/ nFactos

Trabalhava no ramo imobiliário e foi depois de uma visita a uma casa que decidiu arriscar no mundo das bicicletas antigas. Em 2011, Tiago Costa abriu a Sub 954, uma loja onde é possível restaurar bicicletas ou encontrar peças de biclas. 

 

Tiago Costa tem cinco ou seis modelos destes veículos de duas rodas. Um verdadeiro viciado em biclas? Nem por isso: "Eu costumo dizer que não gosto muito de bicicletas, gosto é muito das peças das bicicletas, de mexer nelas, de olhar para elas."

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A ideia de alterar as bicicletas surgiu ainda na adolescência, nos tempos em que era em cima de duas rodas que se deslocava para todo o lado. "Já quando era mais chavalo alterava a minha bicicleta." Mas foi mais tarde, já no mercado de trabalho, que o jovem de 27 anos percebeu que as bicicletas se poderiam tornar algo sério. "Numa visita a um apartamento encontrei uma bicicleta antiga e vendi-a. E comecei a aperceber-me que havia mercado", recorda.

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A partir daí, restaurou bicicletas para si e para os amigos. Os tempos em que andava de bicicleta BTT já lhe tinham garantido alguns conhecimentos sobre a mecânica destes veículos de duas rodas. Depois foi uma questão de recolher informação, ver tutoriais no Youtube, falar com pessoas ligadas ao ramo. 

 

"A coisa cresceu de tal ordem que deixei tudo e dediquei-me a isto a 100 por cento", conta. Em meados de 2011 abriu a Sub 954, onde repara, compra e vende bicicletas antigas e peças (ver fotogaleria do espaço)

 

"Mil e uma histórias" atreladas a uma bicla

Na Sub 954 encontram-se, sobretudo, bicicletas dos anos 70 e 80 e também “uma ou outra” da década de 90, entre pasteleiras, "choppers" e bicicletas de estrada, por exemplo. "Isto é um pouco revivalismo", considera Tiago Costa. A bicicleta mais antiga que passou pelas mãos deste jovem datava de 1970.

 

Nesta "garagem" são muitas as histórias que se ouvem. Além das habituais biclas que eram dos pais e que os filhos querem recuperar, também já se escutou a história de um cliente "que entregou a bicicleta em que tinha aprendido a andar e que estava em excelente estado, era só para fazer um check up geral, limpar, polir". E a bicla também pode ser reciclada para novo uso, como aconteceu com uma modelo holandês restaurada recentemente para servir de canteiro.

 

Mas há também quem descubra memórias na Sub 954. "Temos clientes que não vêm entregar bicicletas, chegam aqui e vêem uma determinada bicicleta e dizem 'hei, tive uma coisa destas em miúdo'".

 

Encontrar uma peça num palheiro

Encontrar peças para estas bicicletas é das tarefas que mais agrada ao jovem, apesar de não ser fácil. "Eu não vou revelar as minhas fontes", avisa o responsável, entre risos. Mas confessa que, por vezes, procurar peças pode ser um "trabalho sujo, mesmo". "Vou a sítios incríveis, a palheiros, pocilgas, ... É preciso ir falando, perder tempo, fazer muitas viagens."

 

A bicicleta holandesa é aquela em que Tiago Costa gosta mais de trabalhar. Mas, neste caso, a "caça" às peças é ainda mais difícil. "As medidas são todas diferentes, não dá para adaptar praticamente nada do que existe em Portugal naquele tipo de bicicleta", explica o responsável, contando que até já restaurou uma bicicleta deste modelo com peças em madeira.

 

Recuperar estas relíquias demora entre um a dois meses e pode custar tanto ou mais como comprar uma boa bicicleta nova. Mesmo assim, há quem prefira restaurar. "Aí entra o lado sentimental, o lado estético e até o lado de utilidade, porque o material antigo tem boa resistência, está bem concebido e é fiável", conclui Tiago Costa.

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