Irão bloqueia Gmail e prepara uma intranet nacional

Não é a primeira vez que o Governo iraniano corta o acesso ao serviço da Google. Está a ser preparada um intranet e a filtragem de informação vai continuar

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Autoridades dizem que serviço será mais rápido e mais seguro juliomarcoss

O Irão bloqueou o acesso ao serviço de correio electrónico do Google, Gmail, num primeiro passo do Governo iraniano para estabelecer uma intranet nacional isolada da Internet. O acesso ao motor de busca do Google também foi restringido à sua versão não segura, ficando bloqueado o acesso ao site através de um protocolo seguro.

As mudanças foram anunciadas numa mensagem enviada por telemóvel que citava Abdolsamad Khoramabadi, conselheiro do gabinete do procurador-geral iraniano e secretário de um grupo oficial encarregado de detectar na Internet conteúdos considerados ilegais. “Devido a repetidos pedidos por parte da população, o Google e o Gmail serão filtrados a nível nacional. Permanecerão filtrados até nova ordem”, podia ler-se na mensagem.

A página do Google que monitoriza o acesso aos seus serviços país a país não refletiu imediatamente o bloqueio, mas residentes de Teerão disseram à France Presse não conseguir entrar nas suas contas do Gmail a menos que usassem software VPN (virtual private network). O sistema VPN é normalmente usado por iranianos conhecedores das tecnologias de informação para contornar a censura do regime na Internet, mas a largura de banda dessas ligações é muitas vezes limitada e por vezes cortada.

Irão mais longe do Ocidente

O Gmail é usado por muitos empresários iranianos para comunicar e partilhar documentos com empresas estrangeiras. A economia do Irão está a ressentir-se de sanções ocidentais que reduziram as exportações de petróleo e tornaram o comércio externo mais difícil. Já em Fevereiro, as autoridades iranianas cortaram temporariamente o acesso ao Google e ao Gmail, nas vésperas das eleições legislativas de Março.

O serviço de partilha de vídeos do Google, o YouTube, tem estado sob censura desde meados de 2009, na sequência de protestos e denúncias de fraude eleitoral no sufrágio que deu vitória ao Presidente Mahmud Ahmadinejad. Outras redes sociais, como o Facebook e o Twitter, também são regularmente bloqueadas.

O Irão está a preparar a sua intranet nacional, que deverá ser livre de conteúdo não islâmico. As autoridades dizem que será mais rápido e mais seguro, mas os dados dos utilizadores serão mais facilmente sujeitos a monitorização.

O chefe da comissão parlamentar de comunicações iraniana, o deputado Mohammad Soleimani, afastou recentemente receios de que a nova intranet substitua a Internet, dizendo que “o estabelecimento da ‘Internet Nacional’ não cortará o acesso à Internet”. “Cortar o acesso à Internet não é possível de todo, porque resultaria na imposição de sanções a nós mesmos, o que não seria lógico. No entanto, a filtragem continuará a ser feita”, acrescentou.

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