Vicious Events, o hip-hop português de peito feito

No sábado, o Coliseu do Porto transforma-se num palco em que nada é absolutamente literal — e onde tudo é para ser levado à letra. Elefantes e cuspidores de fogo, anões, cavalos voadores...

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Nuno Teixeira, Paulo Pinto e Pedro Fernandes André Henriques/Studium

Elefantes e cuspidores de fogo, anões e cavalos voadores, o Coliseu do Porto transformado num palco em que nada é absolutamente literal — e onde tudo é para ser levado à letra. Esta é apenas uma das muitas promessas da Vicious Events, produtora de hip-hop ainda pintada de fresco que diz abracadabra no sábado, dia 15.

Os Mind Da Gap (com o álbum “Regresso ao Futuro” a dar pontapés) diriam que “temos praia e sol, jogadores de futebol/ temos Fátima e fado, temos palavras como LOL”. Mas em Portugal o hip-hop ainda não tem a dignidade que merece, dizem os especialistas Paulo Pinto, Nuno Teixeira e Pedro Fernandes que apresentaram ao P3 a Vicious. “Eis a chave da saída e não a chave do sucesso/ Aqui mora o hip-hop real de Portugal”, apregoam os Dealema (no tema “Mais uma Sessão”).

A Vicious apresenta-se em grande, no Coliseu, com um cartaz de barba rija (Mind Da Gap, Micro, NBC, Deau, Dealema e Sam the Kid com Mundo Segundo) e “rimas de peito feito”, palavra de Deau (em “D.E.A.U”, onde garante “o meu ponto fraco é que eu nunca desisto”).

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Há anos que o hip-hop merece uma Vicious, diz Paulo Pinto André Henriques/Studium

O ponto forte da Vicious Events também anda lá perto. Quer ser a casa dos maiores nomes do hip-hop nacional e confunde-se com o evento Vicious Hip-hop. Confunde-se com as letras das músicas, com o nomes das bandas que pretende reunir e com os jovens talentos que têm batido à porta.

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“Muita coisa vai acontecer, muita coisa vai nascer, garante Fuse André Henriques/Studium

O hip-hop “merece há anos”, confirma Paulo Pinto. “E ninguém teve a coragem ou a vontade de colocar o hip-hop português lado a lado com os outros estilos musicais portugueses. É justíssimo”, defende. “Será que o movimento em si merece que nós os três nos juntemos e façamos algo enorme por isto? Ou não? Vamos ver. Se nos apoiarem, enquanto estiverem connosco, os dois carecas e o cabeludo estamos cá prontos para dar ao pessoal do hip-hop o que eles querem”.

Nada será o mesmo

Os “dois carecas” são Paulo Pinto (fã incondicional de hip-hop ligado à exportação e importação de aquários/viveiros para restaurantes) e Nuno Teixeira (Fuse para os fãs dos Dealema). O “cabeludo” é Pedro “Jesus” Fernandes, omnipresente que não gosta de aparecer, o elemento das “intervenções divinas” — uma delas poderá vir a ser a criação de um festival de Verão de hip-hop.

Consta que tudo começou no dia 20 de Abril, “altura em que o hip-hop se uniu outra vez” na ressaca do concerto “SER Humano”. “O hip-hop estava a apontar para ali, para ali e para ali. Organizámos um concerto e sentimos a união dos músicos de todo o país. Ficou no livro dourado. Juntamo-nos, deixámos de ser os gangsters, os homens maus”, recorda Paulo Pinto.

“Muita coisa vai acontecer, muita coisa vai nascer, nada será o mesmo”, adianta Nuno Teixeira, que pretende “começar em grande”. “Se é para começar, é para começar em grande”. E no Coliseu, o único palco da “capital portuguesa do hip-hop” suficientemente grandioso para o efeito. “É o palco ideal. Além da grandiosidade da sala em si, todos nós temos aqui um pedaço de história. A sala fala por si, é grandiosa. A magia que circula neste palco, neste eco vai manifestar-se nessa noite”.

O que é que faz com que um concerto de hip-hop seja memorável? “Tem que haver show, tem que haver espectáculo e o espaço em si também exige isso. A prestação dos artistas não vai ser como se fosse num bar pequeno. Aqui é preciso trazer elefantes para o palco, cuspir fogo...”, lança Fuse. “... Anões, cavalos voadores...”

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