Plataforma das Artes: também há arquitectura na "província"

O projecto da Plataforma das Artes e da Criatividade está entre os 25 finalistas ao prémio de arquitectura da "DETAIL". A votação termina já no próximo dia 20

O edifício é revestido em tubos de latão, soldados manualmenteJoão Morgado
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O edifício é revestido em tubos de latão, soldados manualmenteJoão Morgado
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João Morgado

A Plataforma das Artes e da Criatividade, em Guimarães, é o único projecto português na lista dos 25 projectos finalistas ao prémio internacional de arquitectura “DETAIL Prize 2012”, da revista alemã com o mesmo nome.

A obra foi projectada pelo atelier “Pitágoras”, um colectivo vimaranense coordenado pelos arquitectos Fernando Seara de Sá, Raúl Roque, Alexandre Coelho Lima e Manuel Roque. “O facto de estarmos aqui nos 25, para nós, já é excelente”, considera Raúl Roque.

Ao longo do mês passado, o concurso recebeu 589 candidaturas, de 50 países, tendo sido seleccionados apenas 25. A votação online continua aberta ao público até ao dia 20 deste mês e posteriormente os projectos serão avaliados por um corpo de júris do panorama da arquitectura internacional, entre eles, Norman Foster, David Chipperfield, Jürgen Mayer e Richard Meier.

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À noite as fachadas ficam coloridas e iluminadas através dos painéis de luzes LED José Campos

“Nós somos um grupo de arquitectos de "província", não estamos nem em Lisboa nem no Porto, e por isso é muito difícil para nós conseguir alguma notoriedade a nível nacional”, comenta o arquitecto, ao comparar a projecção que a obra teve no estrangeiro: “Este edifício teve um impacto muito grande no exterior e praticamente não teve nenhum impacto em Portugal.

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O interior do edifício João Morgado

Um centro de arte em lugar do mercado

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O Centro de Artes José de Guimarães tem um espólio de arte doado pelo artista João Morgado

 A Plataforma das Artes e da Criatividade, inaugurada a 24 de Junho deste ano, numa data simbólica para a cidade, situa-se no espaço que pertencia ao antigo Mercado Municipal de Guimarães. O edifício principal, Centro Internacional das Artes José de Guimarães, é composto por uma área de exposição permanente com uma colecção de obras do próprio artista, uma área de exposições temporárias, um auditório polivalente, ou “blackbox”, com capacidade para 200 pessoas, uma cafetaria, uma loja, um centro de documentação e 2800 metros quadrados de áreas de reserva que acolhe o espólio de arte tribal africana, arqueológica chinesa e pré-colombiana, doado pelo artista José de Guimarães à Fundação da Capital Europeia da Cultura 2012.

Toda a grelha de tubos de latão que reveste o edifício principal foi construída de forma artesanal, tendo sido soldada manualmente por um serralheiro local. “Queríamos que fosse um material nobre e clássico mas num edifício com um desenho contemporâneo”, revela Raúl Roque admitindo alguma influência da arquitectura de Le Corbusier e Mies van der Rohe.

Durante a noite, o dourado das fachadas adquire diferentes cores e tonalidades, através da instalação de luzes LED colocadas atrás da camada de latão. “O que nós quisemos fazer foi que ele emanasse alguma luz”, substituindo o dourado por “alguma coisa que tivesse o mesmo impacto” que tem durante o dia, explica o arquitecto.

Também do ponto de vista da engenharia, o edifício apresenta uma estrutura complexa e “arrojada”, com consolas de 12 metros em betão armado.

No espaço envolvente, os edifícios que pertenciam ao antigo mercado foram recuperados para dar lugar à actividade artística, transformando-se, agora, em ateliers de apoio à criatividade e em laboratórios destinados à indústria criativa.

“Para nós também foi uma surpresa agradável saber que não é um espaço morto”, pois, “a ideia era que as pessoas pudessem passar, estar e ficar, e tornar um espaço da cidade que não fosse um espaço segregado”.

A Plataforma das Artes e Criatividade está aberta todos os dias das 10 às 19 horas.

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