GeNeRation será o laboratório onde Braga vai testar a sua criatividade

Era para a ser a sede da Capital Europeia da Juventude, mas o atraso nas obras atribuiu-lhe outro estatuto — será, afinal, um legado que a Braga 2012 deixa à cidade. Abre no próximo mês

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A fotógrafa e programadora cultural Ângela Ferreira será a directora do GeNeRation durante um ano Adriano Miranda

O antigo quartel da GNR de Braga pode ser tudo o que a cidade quiser fazer dele. O novo espaço abrir-se-á gradualmente ao público no próximo mês como um laboratório onde os criativos da região podem testar novas ideias de negócio e de criação artística. Durante um ano, a gestão será partilhada pela câmara e instituições locais, numa experiência que deverá ajudar a definir a forma como o equipamento irá funcionar depois.

Pretende-se que este seja "um edifício também de experimentação, para além de exibição", explica Ângela Ferreira, fotógrafa e programadora cultural, a quem a direcção do espaço foi entregue durante um ano. É a esta bracarense que compete criar a rede de parceiros que vão partilhar a gestão do antigo quartel da GNR do Campo da Vinha, no centro da cidade. Aqui, Ângela Ferreira espera ajudar a criar "um espaço de convergência" da cidade.

"O GeNeRation será um 'espaço—célula' criando redes que vão crescer para lá das suas paredes", antecipa. O equipamento dedicado pela Câmara de Braga à inovação e às indústrias criativas nasce também da ambição de revitalizar esta zona do centro histórico de Braga. Ângela Ferreira adianta ainda que o local terá também uma "utilização nocturna", que - espera - há-de contaminar a zona envolvente. A localização, privilegiada, é a sua grande arma e o GeNeRation também foi concebido para ajudar a fixar gente com talento que todos os anos chega a Braga atraída pela Universidade do Minho.

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O antigo quartel da GNR de Braga pode ser tudo o que a cidade quiser fazer dele Adriano Miranda

A obra está orçada em 2,2 milhões de euros e o antigo quartel chegou a ser apontado como a sede da Braga 2012 - Capital Europeia da Juventude (CEJ). Mas a sua entrada em cena já acontecerá na recta final do evento. Esse facto, para Ângela Ferreira, nem é necessariamente negativo. "É um legado simbólico que a Capital da Juventude deixa ao futuro", ilustra a directora do espaço, antecipando um "prolongamento da função criativa" do evento com a abertura do novo equipamento. O quartel vai acolher, no próximo ano, algumas realizações nascidas no âmbito da CEJ.

"Devolver o edifício à cidade"

A abertura do GeNeRation no próximo mês coloca o desafio à programação da CEJ de agendar actividades para um espaço ainda em obras. O programa das primeiras realizações ainda não está fechado, mas vai cumprir uma regra que Ângela Ferreira quer ver observada ao longo do resto do ano: "devolver o edifício à cidade". E isso implica actividades que garantam a participação do público.

O primeiro sinal de vida do equipamento passou pelo concurso público para a criação da sua identidade gráfica. Designers e estudantes de design foram desafiados a propor uma imagem icónica das novas funções do edifício. A proposta vencedora será apresentada em Outubro. Nas próximas semanas, será também lançado o concurso para a exploração dos espaços comerciais e de restauração que estão ali a ser criados.

Mas o sucesso do projecto dependerá, sobretudo, do que sair dos gabinetes e da área de trabalho colaborativo disponibilizados aos criativos da região. O convite à apresentação de projectos será formulado no início de Outubro e já tem existe um conjunto de potenciais interessados identificado, desde órgãos de comunicação social especializados, passando pelas universidades do Minho e Católica, até empresas locais ligadas à robótica e às novas tecnologias. O GeNeRation quer também atrair os programadores e produtores locais, das áreas da música e das galerias de artes plásticas e da fotografia. "Percebe-se pelas conversas e contactos recebidos que há muita expectativa", comenta Ângela Ferreira. Entretanto, existem já parcerias estabelecidas, por exemplo, com o Laboratório de Criação Digital, criado em Guimarães no âmbito da Capital da Cultura, ou com o Fab lab da Waag Society, com sede em Amesterdão.

O GeNeRation vai dividir-se em três grandes áreas. A primeira, dedicada à produção, terá gabinetes de trabalho e uma área de trabalho colaborativo, destinada a acolher negócios nos sectores do audiovisual, multimédia, música ou webdesgin. A área destinada à experimentação é constituída por ateliers para residências temporária de criativos. A estas valências acrescem os espaços de exibição, o auditório para 200 pessoas, o café-concerto e as zonas destinadas a actividades de lazer.

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