O que espero que (não) mude

Este texto é sobre gente. É sobre muito do que, no último ano, mudou em Portugal, na Europa e no Mundo. Este texto é também para o P3, que completa um ano de existência

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.shyam./Flickr

Este texto não é sobre política. É sobre gente, a minha gente, gente como eu. Gente de muitas nacionalidades, raças, credos e religiões e que, no último ano, viu a sua vida ser alterada de forma mais ou menos irreversível. É sobre muito do que, no último ano, mudou em Portugal, na Europa e no Mundo.

Este texto é, antes de mais, sobre os Portugueses. É sobre todos aqueles que, no último ano, perderam o seu emprego e dificilmente voltarão a ser considerados como parte da população activa. É sobre tantos que, esgotadas todas as possibilidades, decidiram recomeçar, noutro local, noutro país, uma outra vida. E é sobre os outros, os que decidiram ficar, apesar de todas as contrariedades, não obstante todas as dificuldades. Este texto lembra todos os que mantêm a esperança e os muitos que continuam a sonhar. E também é sobre os que já desistiram, se sentiram derrotados e sem forças para continuar.

Este texto é, ainda, sobre os estrangeiros. É sobre os egípcios e os libaneses, que iniciam a sua caminhada para a democracia cheios de esperança no futuro. É sobre os líbios e os sírios — envolvidos numa guerra pelo poder que parece não ter fim à vista — e sobre o seu sofrimento. É sobre os gregos e os irlandeses, que, tal como nós, fazem sacrifícios em nome da estabilidade das contas públicas. E é sobre os italianos e os espanhóis, os seus problemas, as suas contrariedades e o esforço que fazem para recuperar economicamente.

Este texto fala de muitos dos acontecimentos dos últimos tempos. Faltam muitos outros; uns, ficarão indelevelmente registados no livro da História; outros, apagar-se-ão quando a memória dos que os viveram deixar de existir. Porque a mudança, a evolução, o crescimento são feitos de esperança e de resiliência, mas também surgem da experiência, do passado e das lições que dele tiramos.

Este texto é, finalmente, para o P3, que completa um ano de existência. Com uma imagem apelativa, jovem e irreverente, o P3, através dos seus jornalistas, relatou, ao seu estilo, muitas das mudanças; continuará a fazê-lo, contribuindo à sua medida para a formação de uma opinião pública informada e crítica. Porque também isso precisa ser mudado, e o jornalismo (e os jornalistas) é um dos pilares sobre que assenta a evolução. Parabéns, P3.

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