Manifestações anti-troika em mais de 30 cidades em Portugal

A manifestação "Que se lixe a Troika, queremos as nossas vidas" pode ser a maior das últimas décadas. Cidadãos vão sair à rua esta tarde

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O Governo “já não representa o seu eleitorado e as suas promessas eleitorais”, dizem organizadores Nélson Garrido

Os organizadores da manifestação convocada para este sábado sob o lema “Que se lixe a Troika, queremos as nossas vidas” esperam que seja “a maior manifestação dos últimos anos, se não décadas”. Esta expectava baseia-se nas “demonstrações de apoio e pelo descontentamento existente no país e vontade de mudança”, disse ao PÚBLICO uma das subscritoras do apelo, Magda Alves, activista de género envolvida na organização da manifestação de Lisboa, uma das mais de 30 marcadas para amanhã em Portugal.


“Temos recebido muitos contactos de pessoas a dizer que é a primeira vez que vão a uma manifestação, inclusive com a família”, além de “muito apoio de organizações, inclusive sindicais”, especificou Maga Alves.


O protesto tem origem num apelo, divulgado a 27 de Agosto, por um grupo de perto de 30 pessoas de várias áreas de intervenção e quadrantes políticos, contra as políticas da troika, que acusam de promover “o desemprego, a precariedade e a desigualdade como modo de vida”.

A Europa em protesto

Estão agendadas manifestações em todo o país (abrangendo todas as capitais de distrito), e também no estrangeiro, junto a representações diplomáticas portuguesas em Paris, Londres, Berlim, Bruxelas, Barcelona e também Fortaleza (no Brasil). O apelo começou por ser por uma manifestação em Lisboa, mas rapidamente se juntaram outras iniciativas idênticas, a começar pelo Porto, disse ao PÚBLICO outro dos subscritores do apelo inicial, João Camargo.


O protesto é coincidente com manifestações em várias cidades espanholas, cujos organizadores têm tido “alguma articulação” com os portugueses, de modo a que o protesto assuma expressão ibérica. “Espera-se mais de um milhão de pessoas em Madrid”, disse a mesma activista, com base em informações de vários movimentos e centrais sindicais espanholas.


João Camargo avança que “vai ser uma manifestação muito grande e provavelmente um ponto de viragem na percepção pública, que porá em causa o empobrecimento do país até cair”. Houve “um teste, um tempo de experimentação, mas neste momento o povo vê que já não há esperança no caminho que está a ser seguido”. E o Governo “já não representa o seu eleitorado e as suas promessas eleitorais”.

Muita polícia

A concentração para a manifestação em Lisboa está marcada para as 17h na Praça José Fontana. Passará pelo Saldanha, Avenida da República (para passar frente à representação do FMI) e Avenida de Berna, para terminar na Praça de Espanha, onde haverá uma intervenção dos subscritores da convocatória, com “sugestões de alguns caminhos colectivos”.


No Porto, a concentração é na Avenida dos Aliados, também às 17h. Segue-se a subida da Rua Sá da Bandeira, descida da Rua Fernandes Tomás e volta à Avenida dos Aliados. Esta sexta-feira, os promotores da manifestação tinham previsto fezer colagem de cartazes pela cidade.


A realizadora Ana Nicolau, também subscritora do apelo que convocou as manifestações, disse ao PÚBLICO que havia 42 mil confirmações de presenças em Lisboa, e apelou a que “todos se sentem no chão logo que acontecer qualquer acto violento, para que os autores sejam mais facilmente detectados”. A PSP informou que em Lisboa e no Porto estarão de prevenção grupos do Corpo de Intervenção.

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