Camera Obscura, Lisboa dentro da tua casa

Lisa Moura veda bem a divisão e deixa entrar uma nesga de luz. O resultado é a paisagem projectada nas paredes da sala — e porque não da igreja, do museu ou de um barco?

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Camera Obscura

Quartos e salas com vista sobre Lisboa são máquinas fotográficas para uma jovem de 22 anos, cujo projecto Camera Obscura a tem levado a casas de lisboetas com vistas privilegiadas — agora com uma exposição no Museu da Cidade.

Num “misto de curiosidade e necessidade de recuperar alguma fé no design e na fotografia”, Lisa Moura, recém-licenciada em Design de Comunicação, decidiu experimentar no seu quarto uma técnica “que remonta aos princípios da fotografia”. “Comecei por apresentar a Camera Obscura ao mundo como a minha ‘terapia vitamínica’ para convalescer do curso”, contou à agência Lusa esta jovem estagiária de um atelier de Design, em Lisboa.

Convém explicar em que consiste esta técnica, “extremamente simples”, garante Lisa, e, por isso, “absolutamente deslumbrante”. “Basicamente, eu encerro todas as fontes de luz num quarto deixando apenas uma pequena entrada de luz numa janela. Automaticamente as leis da física entram em acção, e tudo o que está na rua fica projectado nas paredes, chão e tecto daquela divisão”, explicou.

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Ainda que o fascínio de Lisa Moura pela Camera Obscura tenha surgido, “pela técnica em si”, esta jovem “tem vindo a notar cada vez mais as suas possibilidades enquanto uma nova proposta de visão sobre os espaços interno/externo e rua/casa”. Como “só o meu quarto não bastava para saciar a minha curiosidade, convidei-me para casa dos meus amigos”, contou.

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Como “forma de agradecimento” aos amigos, Lisa Moura lançou o n.º 00 da revista Camera Obscura. Nessa altura, o projecto “começou a tomar umas proporções e visibilidade diferentes” e foram surgindo convites para aplicar a técnica em mais salas e quartos alheios, muito graças à divulgação do Camera Obscura em páginas e redes sociais.

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Ao todo, em Lisboa, Lisa já aplicou esta técnica fotográfica em 19 casas, situadas em locais como a Lapa, o Marquês de Pombal, os Anjos, a Bica, Sete Rios, o Chiado ou o Parque das Nações.

Igrejas e museus

Para Lisa é difícil escolher uma vista ideal de Lisboa, mas esta jovem já sonhou em levar o projecto a igrejas e alguns museus, “isto porque não é apenas a vista que conta, mas igualmente os espaços interiores e sua simbologia”. “Mas nesta altura teria a sua piada fazer num dos barcos que faz a travessia do Tejo, só para ter uma visão quase total da Lisboa sobre o rio”, disse.

O projecto de Lisa Moura “não tem objectivos demasiado definidos, ou não tivesse começado da forma como começou”. “Acima de tudo, assumiu-se como uma ‘experiência’ que pretendo mostrar às pessoas. Quer pelas fotografias que tiro, quer mostrando-a ‘ao vivo e a cores’ nas suas casas”, contou.

O Camera Obscura chega em Setembro ao Museu da Cidade, em Lisboa. Ali estarão expostas as fotografias que Lisa tira às paredes onde são projectadas as vistas que só alguns têm o privilégio de ter.

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