Balaclavas no rosto do mundo

Peaches compôs a canção "Free Pussy Riot" e há uma petição online que já conta com mais de 100 mil subscritores

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Kate Fellerath

“Por favor, cubram o rosto com balaclavas e saiam à rua, vão trabalhar assim, vão às lojas assim, ao cinema, a todo o lado.” Antes do pedido feito pelo colectivo Pussy Riot, em vésperas do julgamento desta sexta-feira, dia 17, já as balaclavas corriam a Rússia.

Antes do pedido, já um grupo de portugueses, de balaclava na cabeça, tinha saído às ruas de Lisboa de câmara na mão. Objectivo: fazer um vídeo que pudesse integrar o vídeo-clip da música que Peaches compôs em homenagem às Pussy Riot.

A canção – e o vídeo – circulam na internet desde quarta-feira, dia 15, anexada a uma petição que exige a libertação das três jovens presas em Fevereiro e que já conta com mais de 100 mil subscritores e não pára de crescer.

Peaches, que compôs a canção "Free Pussy Riot” com Simone Jones, conseguiu a participação de artistas como Lykke Li, The Hives, Jake Shears, dos Scissor Sisters, Kate Nash e The Knife. E a letra - "Anarchists, feminists, what we need! Here's the pitch/Here's the switch/Put Putin on a stick and play Burn the Witch!" – promete tornar-se viral em pouco tempo.

Balaclava ou passa-montanhas

As balaclavas também. Para quem estranha o termo, o dicionário Priberam esclarece: “Gorro de malha justo, que cobre a cabeça até ao pescoço ou até aos ombros, por vezes apenas com abertura para os olhos, para olhos e nariz ou para olhos, nariz e boca, geralmente usado para protecção por montanhistas, esquiadores, pilotos ou militares.” Se preferirem, chamem-lhe passa-montanhas.

Nadejda Tolokonikova, de 22 anos, Ekaterina Samoutsevitch, 29, e Maria Alekhina, 24, puseram o mundo a falar da Rússia e da política de Vladimir Putin, depois de terem sido detidas por cantarem uma “oração punk” na catedral do Cristo Salvador, em Moscovo.

Foi Putin quem inspirou a criação da banda feminista, em Setembro de 2011, quando anunciou que ia candidatar-se novamente à presidência do país. Agora no banco dos réus, as Pussy Riot inspiram o mundo e põem as balaclavas no rosto do mundo (na Internet há até vídeos de instruções para quem quer criar a sua balaclava), pedindo uma revolução do estilo "Somos todas Pussy Riot", por uma "Rússia melhor". Se forem condenadas, as jovens enfrentam uma pena até sete anos. 

Pussy Riot à parte, a balaclava era a imagem de marca (juntamente com um charuto) do sub-comandante e ex-professor universitário Marcos, do Exército Zapatista de Libertação Nacional do México, em luta pelos direitos aos povos indígenas. E é também o nome de uma música dos Arctic Monkeys, de uma vila da península de Crimeia, na Ucrânia, de um subúrbio de Melbourne, na Austrália, e há até uma batalha chamada Balaclava, travada entre o Império Russo e a coligação anglo-franco-otomana a 25 de Outubro de 1854. 

Não sabemos quantas pessoas terão saído à rua de balaclava depois da polémica e do mais recente apelo de outros membros do colectivo, mas sabemos que a balaclava anda na boca... perdão, no rosto, do mundo. Paul McCartney foi uma das últimas figuras públicas a juntarem-se à campanha a favor das jovens. 

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