“True Blood”: chupões e uma palavra começada por F

Os novos episódios de “True Blood” continuam deliciosamente exagerados, sem qualquer subtileza e carregados de sexo. O que é que há para não gostar?

Estes vampiros são conservadores
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Odeio a ideia de “guilty pleasure”. Não percebo como é que alguém se pode sentir mal por gostar de alguma coisa. Até que ponto é que um gajo tem de ser inseguro para não conseguir admitir e/ou adoptar uma postura defensiva perante algo que lhe dá prazer? Compreendia que isto acontecesse quando não havia Internet e os média tradicionais ainda tinham alguma influência, mas agora é só ridículo. Pá, que se dane o bom gosto e outras convenções burguesas, um gajo ou gosta ou não gosta.

Isto tudo para dizer que “True Blood” é incrível. E não gosto daquilo ironicamente. Sei que há ali imensas coisas mesmo más e outras apenas risíveis, mas adoro na mesma e não se sinto culpado por nada. Sim, muitos diálogos parecem sacados de um porno, tem interpretações medonhas e alguns dos piores sotaques sulistas de sempre, mas não importa, amo cada segundo daquilo.

Tratando-se de uma série de vampiros, com lobisomens e restante bestiário sobrenatural, ganha pontos só por não ser o “Twilight”. Não há cá vampiros "emo" que brilham ao sol e não acreditam no sexo antes do casamento. Nada isso. Os de “True Blood” são conservadores: gostam tanto de dar à anca e morder pescoços quanto odeiam a monogamia e a luz do dia. Como deve ser.

Desde o século XIX que os vampiros servem de metáfora para uma certa libertinagem boémia, e esta adaptação de Alan Ball respeita isso. Está bem que, originalmente, o criador de “Six Feet Under” queria fazer uma série com alguma profundidade, sobre preconceito e sentimentos de inadaptação, mas a partir da segunda temporada desistiu disso, apostando em criar apenas um programa de sucesso com imensa nudez.

E ainda bem. “True Blood” é algum do melhor "softcore" que Hollywood já produziu, e tenho de agradecer à equipa por certos pares de mamas que já me passaram pelos olhos (tipo as da Lizzy Caplan na primeira temporada: muito obrigado). A série também é bem escrita, de um modo geral, e é sempre, sempre, entretida, apesar de se reger pelo mínimo denominador comum.

Mas o melhor eram mesmo os resumos do Gabe, do Videogum, nas temporadas anteriores. Este ano, pelos vistos, o gajo desistiu da série. É pena. Restam-nos os resumos do Vulture, bons, mas não tão bons. E a própria série, claro.

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