Há espaço para todos no Festival de Verão

Qualquer marca pode e deve estar presente num festival, não é preciso necessariamente ser uma marca de, ou para, jovens.

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Lionel Balteiro

No ano passado, por esta altura, um grande amigo meu, espanhol, rumou a Portugal para assistir ao Super Bock Super Rock. Com ele vinham 6 amigos entusiasmados com a ideia de ver um cartaz tão bom a metade do preço que seria praticado em Espanha. Aliás, o ano passado (não sei como foi este ano) só se ouvia a língua de "nuestros hermanos" dentro do recinto do festival, conferindo-lhe um "mood internacional", diferente, reconhecido como merece ser.

Com eles traziam balões e uma botija de hélio. “Balões? Mas de que tipo? Daqueles que se vêem à venda nas feiras tradicionais?”, perguntei eu na véspera do festival. As razões vieram de seguida: a ideia era encherem os balões e andarem com eles presos ao pulso para saberem sempre onde se encontrava o resto do grupo. E chamar a atenção de algumas meninas que andavam pelo recinto. E porque os balões são giros. Eu duvidei. Que tivessem coragem, paciência ou que fosse resultar.

Chegou o primeiro dia do festival. Normalmente vou a 1, 2, 3 festivais por ano, mas nunca tinha ido ao recinto do Meco do Super Bock Super Rock (com o pó a conferir-lhe o poder do imaginário Woodstock – ai se chove!). Como sempre, encaminhei-me para um "meeting point" não oficial, que é como quem diz a Super Bock mais à direita do palco, ou a "roulotte" dos cachorros entre as duas Super Bocks à esquerda do palco (mas a olhar para o palco ou de costas para o palco?), a fim de dar as indicações finais para nos encontrarmos. 

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Paula Mateus é técnica de estudos de mercado na empresa Ipsos-Apeme

E de repente vi-os. Aliás, vi os balões. Que ideia fenomenal. Lá vinham eles, em grupo, com os balões no ar, dando um sensação de nuvens. E o mais extraordinário é que era sempre super fácil encontra-los. Em qualquer palco que combinássemos era fácil. No meio da tenda a ouvir djs, lá estavam eles. Junto ao palco principal a saltar, 7 bolinhas às cores no ar. 

Os balões deram jeito. Estavam presos à mochila ou ao casaco por isso não se cansavam. E raparigas (e alguns rapazes) realmente paravam e metiam conversa. E eram giros.

Este tipo de inovação, iniciativa ou disponibilidade para arriscar são factores que caraterizam o espirito do festival. Tanto dos festivaleiros como das marcas presentes nos festivais. E todos sabemos que as marcas que estão presentes nos festivais fazem bem. 

Os festivais são escolas de aprendizagem também para as marcas. E que importante escola é um festival. Em que outro local as marcas conseguem angariar um conjunto tão grande de pessoas tão motivadas pelas mesmas razões e tão dispostas a “estar” com as marcas? Em que outro local as marcas podem arriscar e levar as suas ideias até um porto mais distante, sem as convenções sociais/ espaciais/ sociais normais a que estão expostas? 

Da mesma forma que qualquer jovem deveria experienciar um festival (por todos os seus ganhos sociais, culturais e pelo sentimento de pertença que um festival pode conferir), qualquer marca pode e deve estar presente num festival, não é preciso necessariamente ser uma marca de, ou para, jovens. Desde que compreenda o festival. Não é estar presente só por estar, expondo produto. É preciso interagir, inovar. É preciso “beber” da fonte que são os milhares de pessoas. Desde que cumpra uma função essencial: ajudar a viver o festival. A ideia não é vender essa frase. A ideia é ajudar a concretizá-la, como um amigo silencioso mas bem posicionado. E ninguém se esquece de um amigo. 

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