Estágios: podem 15 licenciados desenvolver cinco aldeias do Alqueva?

Candidatos a estágios profissionais têm de estar desempregados e inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional. O prazo termina nesta terça-feira

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Projecto-piloto vai funcionar em cinco povoações na zona do Alqueva

Alqueva vai ter 15 jovens recém-licenciados a desenvolver um projecto que pretende lutar contra a desertificação em cinco aldeias alentejanas.

Este é o objectivo da Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas de Alqueva (EDIA) e da Associação Transfronteiriça dos Municípios das Terras do Grande Lago de Alqueva, que abriu candidaturas há um mês.

O prazo termina nesta terça-feira e já há centenas de candidatos. A ideia é a mesma que deu origem ao projecto Querença, uma aldeia no concelho de Loulé (Algarve) onde se tentou inverter a tendência para o despovoamento no interior desta região.

Durante todo o ano que passou, nove recém-formados tentaram dar uma nova vida à aldeia que estava a definhar. Pela primeira vez, licenciados de várias áreas viram os seus conhecimentos serem postos em prática. Para isso, durante nove meses, fizeram uma espécie de "visita de estudo" a Querença, ambientaram-se, conheceram os habitantes e as suas tradições.

A ideia era desenvolverem a sua própria empresa na aldeia e criarem soluções a longo prazo na dinamização do local. E os resultados superaram as expectativas. 

"Em Querença houve duas ou três actividades, especialmente na área da agricultura, que agora estão a dar frutos, em que houve uma valorização do potencial daquela aldeia quer em termos comerciais quer no desenvolvimento da população", afirma José Manuel Grilo, vice-presidente da Câmara Municipal de Portel, um dos concelhos abrangidos pelo projecto alentejano.  

Inspirados nessa iniciativa da Universidade do Algarve, da Câmara de Loulé e da Fundação Manuel Viegas Guerreiro, a EDIA e a Associação Transfronteiriça dos Municípios das Terras do Grande Lago de Alqueva estão a promover, este ano, um projecto-piloto em parceria com cinco câmaras: Alandroal, Moura, Mourão, Portel e Reguengos de Monsaraz.

Querem dar vida às aldeias cada vez mais desertificadas, estimular o seu potencial comercial e produtivo e, para isso, apostam nos conhecimentos de 15 licenciados ou mestres. Mas impõem regras: para entrar neste estágio profissional, os candidatos têm de estar desempregados e inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).

As candidaturas acabam esta terça-feira e podem ser feitas online no site da EDIA, que segundo disse fonte da empresa ao PÚBLICO, espera que o número de candidatos ronde os 400. Depois, 15 serão seleccionados após entrevista.

Estágio de nove meses

O estágio deverá começar em Setembro e terá uma duração de nove meses, durante o qual os escolhidos receberão uma bolsa do IEFP: A filosofia do projecto Aldeias Ribeirinhas do Grande Lago de Alqueva é dinamizar social, económica e culturalmente cinco povoações: Capelins, Póvoa de São Miguel/Estrela, Luz, Alqueva e Campinho.

"É um projecto em que se tenta desenvolver as aldeias e dar-lhes alguma inovação em várias áreas", afirma o vice-presidente da Câmara de Portel. No caso deste município, o propósito da equipa de estagiários é o desenvolvimento florestal, o turismo e a engenharia alimentar.

Para isso é preciso que os estagiários vivam na aldeia, interajam com a população, conheçam os seus interesses e criem empresas que potenciem a economia de uma aldeia "cada vez mais vazia", apela o autarca. Este é um projecto de terreno e é "ambicioso", diz José Manuel Grilo.

Manuel Francisco, vereador da Cultura e do Desporto da Câmara de Mourão tem a mesma opinião. Diz que é um passo importante para quem começa a trabalhar e admite estar com expectativas. O fundamental, diz este autarca, é que os estagiários desenvolvam as suas capacidades e "tirem partido das potencialidades que as cinco aldeias têm para oferecer. E o potencial é grande", salienta.

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