Austrália criou a maior rede mundial de áreas marinhas protegidas

A Fundação Australiana para a Conservação estima que, nesta área, vivam 45 espécies de baleias e golfinhos, seis espécies de tartarugas marinhas e 4000 espécies de peixes

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Tony Burke na conferência onde anunciou a criação da rede de reservas marinhas

Um terço das águas territoriais australianas serão áreas marinhas protegidas, com restrições à pesca e à exploração petrolífera e de gás natural, anunciou o Governo nesta quinta-feira. Esta será a maior rede de áreas marinhas protegidas do mundo.

O anúncio foi feito nesta quinta-feira de manhã pelo ministro do Ambiente australiano, Tony Burke, que revelou os mapas das regiões marinhas a proteger, incluindo o Mar de Coral. No total, serão 3,1 milhões de quilómetros quadrados, ou seja, mais de um terço das águas territoriais australianas.

Assim, a rede de áreas marinhas protegidas daquele país vai passar das actuais 27 para 60, reforçando a protecção a vários animais. Nela estima-se que vivam 45 espécies de baleias e golfinhos, seis espécies de tartarugas marinhas e 4000 espécies de peixes, segundo a Fundação Australiana para a Conservação. 

“Já é tempo de o planeta mudar quanto à protecção dos nossos oceanos”, disse Burke no anúncio dos planos, citado pela rádio australiana ABC. “E a Austrália está hoje a liderar esse caminho.” Agora, esta rede de reservas tem pela frente 60 dias de consulta pública. “Esta nova rede de reservas marinhas vai ajudar a garantir que o ambiente marinho e toda a vida que alberga continuem de boa saúde, férteis e resistentes, para as próximas gerações”, acrescentou. 

Para que o projecto saia do papel, o Governo australiano vai pagar até 100 milhões de dólares australianos (79,4 milhões de euros) em compensações aos pescadores comerciais que serão impedidos de operar em alguns dos novos parques marinhos. “Ao longo dos próximos meses, o Governo vai organizar encontros para ouvir a indústria pesqueira sobre as modalidades” das compensações, disse o ministro. A rede marinha vai afectar também o sector da exploração petrolífera e de gás natural.

“Em todo o Mar de Coral há uma proibição à exploração”, disse o ministro do Ambiente, acrescentando que existem outras reservas onde esta actividade também será excluída. A indústria pesqueira já reagiu. “Esta é uma notícia terrível e aqueles que vão sofrer mais são as comunidades piscatórias”, disse Dean Logan, responsável da Aliança Marinha australiana, que representa os pescadores.

Segundo Logan, a criação destas reservas vai levar ao desaparecimento de 36.000 postos de trabalho. A Fundação Australiana para a Conservação saudou a decisão do Governo australiano, considerando-a “histórica” e algo que vai tornar o país “líder mundial na protecção dos oceanos”. Ainda assim, a fundação salientou, em comunicado, que várias zonas vão continuar ameaçadas pela exploração humana dos recursos naturais.

“A rede de parques proíbe a exploração de petróleo e gás natural no Mar de Coral. Mas a maior região do Nordeste continuará vulnerável”, disse o director da fundação, Don Henry. “Vamos continuar a trabalhar com os governos, a comunidade e todos os participantes para melhorar a protecção das zonas que ainda não estão abrangidas” por esta iniciativa, acrescentou.

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