Cortiça portuguesa na Serpentine Gallery de Londres

Escolha foi da dupla de arquitectos suíça Herzog & de Meuron, que assina o projecto temporário de arquitectura em conjunto com o controverso artista plástico chinês Ai Weiwei

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Imagem do projecto da colaboração entre Ai Weiwei e a dupla Herzog & de Meuron DR

A escolha foi da conhecida dupla de arquitectos suíça Herzog & de Meuron, que assina o projecto temporário de arquitectura em conjunto com o controverso artista plástico chinês Ai Weiwei. Por quatro meses e meio, o pavilhão de Verão deste ano da Serpentine Gallery exibirá em Londres um produto muito português: a cortiça.

Por enquanto, são conhecidos poucos pormenores do projecto, a primeira colaboração entre Ai Weiwei e a dupla Herzog & de Meuron desde o estádio nacional de Pequim, conhecido como o “Ninho de Pássaro”, projectado há quatro anos. Mas é certo que a cortiça será o material fundamental da intervenção, disse ontem ao PÚBLICO um representante da Corticeira Amorim (CA), fornecedora do produto. 

“Soubemos há pouco tempo, foi uma escolha dos arquitectos”, disse Carlos Jesus, director de Marketing e Comunicação da CA, explicando que o projecto, que inaugura a 1 de Junho, vai utilizar dois tipos diferentes de cortiça, uma para a estrutura e outra para mobiliário, a construir em Portugal. “Isto é extremamente positivo para Portugal. Além de nos colocar num nível de visibilidade e exigência estética e arquitectónica muito alto, vai permitir que mostremos tudo o que se pode fazer com a cortiça”, continuou este responsável, acrescentando que a empresa portuguesa ficará ainda encarregue do apoio e consultadoria durante a construção do pavilhão.

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Ai Weiwei associou-se a mais um projecto ligado aos Jogos Olímpicos depois da construção do estádio de Pequim Reuters

Viagem a projectos passados

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Ai Weiwei associou-se a mais um projecto ligado aos Jogos Olímpicos depois da construção do estádio de Pequim Reuters

Segundo já anunciado pela Serpentine, o pavilhão deste Verão proporcionará uma viagem aos projectos dos anos anteriores. “Seguindo uma abordagem arqueológica, os arquitectos criaram um design que vai inspirar os visitantes a olhar para baixo da superfície do parque assim como a olhar para trás no tempo através dos fantasmas das estruturas antigas”, lia-se no comunicado da galeria londrina, que explicava que através da recuperação dos vestígios de intervenções de outros anos, vão ser construídas doze colunas, uma para cada edição. Apoiarão uma plataforma flutuante, a 1,5 metros acima do chão.


A cortiça surge como o elemento estruturante da obra por ser, segundo a dupla de arquitectos Herzog & de Meuron, um “material natural, com fortes mais-valias aos níveis do tacto e do olfacto, de grande versatilidade, permitindo ser facilmente esculpido, cortado, moldado e formado”.


Em comunicado, António Rios de Amorim, presidente da CA, escreve que esta “é uma oportunidade ímpar de demonstrar ao mundo que a cortiça não é apenas um produto único, criado pela natureza, mas também um material tecnologicamente relevante para o século XXI”. Carlos Jesus não tem dúvidas de que para esta aposta terá contribuído o sucesso do Pavilhão de Portugal na Expo 2010, em Xangai. “O pavilhão, todo revestido com cortiça, foi um dos mais visitados e acabou premiado”, disse Jesus, explicando que desde então a empresa se tem dedicado também a promover “estas particularidades técnicas”.


O projecto do pavilhão para a Serpentine começou em 2000, acolhendo todos os anos no Verão, no Hyde Park, intervenções de alguns dos arquitectos mais conhecidos no mundo. Ai Weiwei e Herzog & de Meuron sucedem a Peter Zumthor, Oscar Niemeyer, Rem Koolhaas, Zaha Hadid, Frank Gehry e Jean Nouvel. Em 2005, Álvaro Siza e Souto de Moura assinaram o projecto em conjunto.

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