O rock aterrou em Barcelona para um fim-de-semana de Primavera

Os verdadeiros fãs dos festivais deram a opinião no dia em que actuam os Linda Martini e os PAUS — mais Wilco, Franz Ferdinand, The Cure, Rufus Wainwright, Kings of Convenience...

Concerto Black Lips Dani Canto
Fotogaleria
Concerto Black Lips Dani Canto
O primeiro dia do Primavera Sound de Barcelona Dani Canto
Fotogaleria
O primeiro dia do Primavera Sound de Barcelona Dani Canto

Se no Porto a paisagem se vai destacar pela relva do Parque da Cidade, em Barcelona o cimento é rei. Mas o verde também é uma cor de destaque, ou não fosse essa a cor do grande patrocinador do festival, a cerveja San Miguel. Mas o que é que isso interessa? Nada e quem o diz são os próprios fãs. “Se estamos a falar do Primavera, estamos a falar de música e nada mais.”

A esta hora, final de dia, já todos os palcos se fazem ouvir. Enquanto o San Miguel, considerado o palco principal e por onde vão passar nomes como Wilco, Franz Ferdinand, The Cure, Rufus Wainwright ou Kings of Convenience, é inaugurado por Baxter Dury, no palco Mini são os Linda Martini que dão as boas-vindas ao festival. Canta-se em português, no dia em que também os PAUS, banda confirmada à última da hora, vão actuar.

Ao contrário do que é habitual, pelo menos nos festivais em Portugal, a única distração aqui são os oito palcos, com concertos ao mesmo tempo. Não há montanhas-russas nem ofertas malucas. "It’s all about the music". E isso já é muito, ou melhor, é tudo. Ou bem que se tem um plano ou então não há quem se entenda neste recinto, cujo tamanho, diz a organização, equivale a quatro campos de futebol.

O festival "número um"

Para o espanhol Juan Luis Herranz, que falou na conferência “Festivais: Os Verdadeiros Fãs dão a sua opinião”, do PrimaveraPro, um programa paralelo para os profissionais da música, o “Primavera é a escolha de todos aqueles que estão realmente interessados num festival de música, que procuram conhecer novas bandas e novos mercados”. A mesma ideia é partilhada pelo seu compatriota, Brett Piron, que elege este festival como o “número um”. “Já fui a muitos, mas concertos como os que vi aqui, não vi em lado nenhum.”

Mas o que é o que o festival tem de especial? Eles explicam. “Se tivermos em conta o preço alto dos bilhetes para os concertos, mais vale investir num festival que sabemos que nos oferece muito mais do que isso, sempre com um selo de qualidade”, disse Piron, dando como exemplo o concerto de Bon Iver que vai acontecer em Julho em Barcelona e cujos bilhetes têm o preço de 40 euros.

“Por muito que goste dele não o vou ver porque acho um absurdo. Isso é um terço do bilhete do Primavera que tem dezenas de actuações.” A resposta não demorou: “Parece é que os espanhóis não gostam de ir a concertos”, ouviu-se da plateia, em inglês. “Não se trata do dinheiro mas sim na forma como eu o prefiro investir”, ripostou o espanhol, que tem por hábito comprar o bilhete para o Primavera mal este esteja à venda. “Sai mais barato, não preciso de ver nomes confirmados, eu confio.”

Já Graeme Hopper, também ele um fã de festivais, garante que quando se trata destes eventos “não olha a gastos”. “Depois de dez anos nestas andanças , cheguei a um momento em que prefiro gastar mais dinheiro e ficar mais confortável”, contou Hopper, explicando que agora tem por hábito comprar bilhetes vip, quando esta opção existe.

As zonas de conforto por estes lados é que podiam ser mais. Em dia de calor, as sombras esgotam-se. Mas, voltando ao princípio, o que é que isso interessa? Nós queremos é ver concertos. 

Cláudia Carvalho viajou a convite da organização

Sugerir correcção
Comentar