Carta aberta: portugueses estão solidários com os gregos

A três semanas das eleições gregas, portugueses escrevem uma carta aberta a líderes e instituições internacionais a pedir o "cancelamento das medidas de austeridade". Documento já conta com mais de 1300 subscritores

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Taxa de desemprego entre os jovens gregos com menos de 25 anos passou os 50% Chrisser/ Flickr

Depois de as eleições de 6 de Maio terem produzido um parlamento dividido e incapaz de chegar a um acordo, os gregos vão voltar às urnas, já no dia 17 de Junho, num sufrágio que pode mesmo ditar o futuro da Grécia como membro da Zona Euro.

É um país mergulhado numa crise política e económica sem precedentes, que está a gerar ondas de solidariedade um pouco por todo o mundo. Em Portugal, está a circular online uma carta aberta, já assinada por mais de 1300 pessoas, que exige o “cancelamento das medidas de austeridade” impostas à Grécia.

Dirigindo-se aos Presidentes do Parlamento Europeu, da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional, os subscritores referem ainda que “os governos europeus não devem poupar esforços para serem encontradas soluções que aliviem a tensão vivida em toda a Europa”.

Desemprego acima dos 21%

A Grécia está na vanguarda das políticas de austeridade – e tem sido um prenúncio para aquilo que outros países, como Portugal e Espanha, podem vir a passar. A taxa de desemprego geral já ultrapassou os 21% e, entre os jovens gregos com menos de 25 anos, venceu mesmo a barreira dos 50%.

É um cenário que não altera as convicções da Comissão Europeia (CE), que já se mostrou indisponível para suavizar o programa de austeridade, avisando o país de que “qualquer outra alternativa" será "muito mais dolorosa e difícil" para a população.

Palavras do presidente da CE, Durão Barroso, a que já se juntaram alguns dos mais importantes líderes mundiais. Depois de, em Março, ter referido que uma saída da Grécia do Euro seria “catastrófica”, a chanceler alemã Angela Merkel terá proposto ao presidente grego, Karolos Papulias, que o país referendasse a saída da Zona Euro, denunciou em comunicado o governo.

No início desta semana, a Reuters citava três fontes não identificadas para sustentar que os países da Zona Euro vão ter de preparar planos de contingência para uma possível saída da Grécia.

A três semanas das eleições gregas, os subscritores portugueses desta carta aberta, cujo título é “Na Grécia, o povo é quem mais ordena”, exigem ainda que os resultados “sejam respeitados”. “As tomadas de posição já conhecidas vão no sentido de influenciar e condicionar a liberdade de escolha e decisão dos gregos, ao colocar na agenda política, ao arrepio dos tratados europeus, a sua saída da Zona Euro com todas as consequências daí decorrentes”, denunciam.

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