Os amigos são para sempre. Ainda acreditamos nisso?

A vida está repleta de “ex”. Estudo da revista "The Sociological Review" mostra que este tipo de relações provoca mais sofrimento às pessoas do que possa parecer. E deixa marcas prolongadas

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Ex-namorados, ex-companheiros, ex-colegas. A vida está repleta de “ex”, mas quando o prefixo se quer juntar à palavra “amigos” a reacção não é tão linear. Um estudo sobre o fim das amizades e as amizades difíceis, publicado na revista "The Sociological Review", mostra que este tipo de relações provoca mais sofrimento às pessoas do que possa parecer. E deixa marcas prolongadas.

O trabalho, publicado na edição da revista deste mês com o título “Difficult friendships and ontological insecurity”, aborda alguns dos lados mais negativos da amizade e a importância deste tipo de relações na nossa vida. O estudo parte de depoimentos recolhidos pelo British Mass Observation Project, através dos quais tenta perceber os efeitos de uma amizade mal sucedida na estabilidade dos envolvidos. 

O British Mass Observation Project, do Reino Unido, pretende retratar a vida quotidiana dos britânicos através de um painel de pessoas a quem distribui inquéritos de várias áreas. Os dados em causa foram recolhidos em 2008, junto de um painel semi-permanente de 547 pessoas, mas apenas responderam 135 mulheres e 71 homens. A maioria eram casados e de meia-idade. 

Uma família de amigos 

De acordo com os autores do estudo, os debates sobre a importância da amizade têm vindo a crescer à medida que se verifica uma tendência para que cada vez mais gente viva sozinha e, por isso, os amigos passem a ser centro das relações. A equipa, liderada por Carol Smart, diz mesmo que há um debate sobre a forma como os amigos poderão estar a ocupar um lugar que antes cabia à família. 

No entanto, segundo os autores, continuamos a associar a palavra amizade a um tipo de relação com benefícios mútuos e, por isso, não estamos preparados para enfrentar os efeitos práticos e morais subjacentes ao fim de uma amizade “o que nos provoca culpa, vergonha e insegurança”. Imagem que é reforçada pelas séries de televisão e filmes, de que é exemplo "O Sexo e a Cidade", onde apesar das desavenças entre quatro amigas (Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda), tudo é sempre resolvido. 

Uma opinião corroborada ao PÚBLICO pela psicóloga clínica e psicoterapeuta Ana Almeida. Para a especialista, as amizades ainda continuam a ser “um parente pobre” nas investigações científicas, sendo apenas um tema muito abordado no caso dos adolescentes. “Mas a importância da amizade tem vindo a ganhar terreno. Os namorados ou companheiros são agora vistos como mais descartáveis e há uma relação com a sexualidade mais livre, pelo que os amigos se tornam numa estrutura de apoio fundamental e a sua importância é mais acentuada para funções que antes eram atribuídas à família nuclear”, salienta Ana Almeida, em comentário ao estudo.  

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