Internet Explorer, desculpa... à nona é de vez?

Está na natureza humana ter ódios de estimação. Não há ninguém, também, que tenha acedido à Internet e não tenha dito, alguma vez no tempo, "cobras e lagartos" do Internet Explorer

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Num mundo excessivamente competitivo, excessivamente comercial, excessivamente dado a excessos, está na nossa natureza desconfiar sempre que alguém pede desculpa e se apresenta para começar de novo. Eis a Microsoft a apresentar o seu IE9 — a nona versão do Internet Explorer —, cortando amarras no processo.

Está na natureza humana ter ódios de estimação. Muitos, como a Microsoft, sabem-no na primeira pessoa. Nesse contexto, e num assomo de humildade, a Microsoft retratou-se depois de lançar a última versão do seu navegador de Internet ("browser"), percebendo que apenas uma rotura verdadeira e visível com o passado serviria para recuperar da clara perda de imagem que vem sofrendo, num mercado onde a tendência dominante aponta para a Apple, para a Google... e para longe da Microsoft .

Não há ninguém que tenha acedido à Internet e não tenha usado uma das versões do "software" que a Microsoft desenvolveu para o efeito, o "browser" apropriadamente chamado de Internet Explorer, cujo primeiro lançamento se deu em 1995. Não há ninguém, também, que tenha acedido à Internet e não tenha dito, alguma vez no tempo, "cobras e lagartos" do Internet Explorer, que é "pesado e lento", que é "usado só porque já vem instalado com o Windows", que "está a anos-luz da concorrência".

A conversa já era esta nos anos 90, com o Mosaic e o Netscape mas, pelo facto de já estar instalado por defeito no Windows, as sucessivas versões do Internet Explorer, ou IE, sobreviveram ao teste do tempo, ao contrário da concorrência, que não gozou deste avanço decisivo.

Já lá vão treze meses desde que a Microsoft lançou o Internet Explorer 9, que se propõe inverter a tendência de contínuo decréscimo da predominância em utilização de "browsers" face, principalmente, ao Mozilla Firefox e Google Chrome, mas também ao Opera e Safari, estes dois últimos com a sua quota mais centrada noutros sistemas operativos e plataformas móveis. O que fazer?

Para além de uma nova versão, algum "marketing" original? O momento pivotal está aqui, não tem a ver especificamente com o produto em si, com o ser-se a Microsoft ou a loja da esquina, tem a ver com a imagem que se passa ao consumidor, se é crível, se lhe chega de facto (nota: com o Windows 8, virá o IE10, outra revolução no modo de pensar o “browser” dentro do sistema operativo).

Lançado há pouco mais de um mês, o www.BrowserYouLovedToHate.com é um “mini-site” de apresentação do IE9 desenvolvido pela própria Microsoft mas, mais importante, é o "mea culpa", o reconhecimento da Microsoft de que o passado teve erros, que o público tinha uma opinião maioritariamente negativa de um dos produtos com maior visibilidade "da casa". Esse reconhecimento é feito com simplicidade e com os olhos virados para o futuro.

É interessante ver a Microsoft fazer o que uma pequena empresa faria para lançar o seu novo produto, comparando-se com os melhores "players" do seu segmento, reconhecendo neles características e virtudes passíveis de serem adoptadas, ao invés de manter a postura de "orgulhosamente só" que vinha apresentando, que o “share” do mercado lhe permitiria (e permite) manter.

Não é que a Microsoft não saiba pedir desculpa, pois já o teve de fazer em relação a vários assuntos, nomeadamente os vários problemas técnicos do tempo do IE6, mas tratavam-se de problemas reais e claros, sendo que as situações foram sempre resolvidas com 'updates' ou mesmo evoluções de versão.

Agora não. Agora é diferente. Um produto novo quebra com o passado, revê-se e reinventa-se. Até o humor é usado, em forma de vídeo no YouTube (esse “site” da Google!). O novo IE9 é simples e é leve. Pode ser o preferido de uns e não de outros mas isso não é o mais importante; a partir de agora, mesmo gozando da vantagem histórica de estar instalado "de raiz" no Windows, o Internet Explorer diz que vale pelo que oferece e que se propõe a ajustar-se às necessidades de quem, por opção, volte a usá-lo como "browser" preferido.

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