Instagram, o ciber-conto de fadas

Rapaz gosta de HTML5 e junta-se a amigo para projecto de fotografia em mobile devices. Projecto completa-se e software fica disponível. Passam-se 18 meses o rapaz vende a sua empresa por $1,000,000,000 e vive feliz para sempre

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DR

De um modo romanceado e simplista, é esta a história do Instagram, o "software" gratuito (!!!) de edição e partilha de fotografia para dispositivos móveis. O rapaz é Kevin Systrom, o amigo é Mike Krieger e toda a empresa são 13 pessoas. A compra, feita pela Facebook, faz com que Kevin, o principal accionista da Instagram, lucre quatrocentos milhões de dólares (mais de trezentos milhões de euros) com a operação e tenha direito direito ao riso maléfico (o “evil laugh” bem típico dos vilões do cinema) mais famoso dos últimos tempos, apesar do "insucesso" que ele considera ter sido a venda por metade do preço que tinha inicialmente pedido.

Voltemos um pouco atrás. É dia 6 de Outubro de 2010 e a aplicação (ou, se preferirem, a "app") Instagram acaba de ficar disponível exclusiva e gratuitamente na App Store da Apple.

Os downloads estão a bom ritmo, para uma aplicação que é "apenas" mais uma que tira fotos e as estiliza (após uma instalação e registo muito simples que demoram menos de um minuto a fazer), colocando-as de imediato na área do utilizador em www.instagr.am e, assim, imediatamente partilháveis noutras plataformas de social media, como o Facebook ou o Twitter.


O "hype" é compreensível: para se obter uma foto como esta basta apontar, fotografar, escolher um de entre 15 filtros, escolher um ponto ou linha de focagem e já está. Num ápice, todos os amigos/ligações estão a dizer “Ah! Espectacular!” sobre uma foto que, há 15 segundos, não era nada de especial e há 20 segundos nem sequer existia.

Entretanto, nos escritórios, monitorizam-se os "uploads" de fotos ao um ritmo de um milhão por dia (15 fotos adicionadas por segundo!) e, já nos primeiros dias de 2011, surge o "upgrade" que vai tornar o crescimento do Instagram completamente viral: a descrição da foto passa a interpretar "hashtags" (etiquetas) para que os utilizadores possam catalogar e encontrar facilmente fotos de amigos ou de temas e contextos do seu interesse. Em seis meses, atingem-se os cinco milhões de "downloads" e passados mais três meses, 10 milhões.

Vários investidores de risco ("venture capitalists") estão atentos e disponíveis para financiar a empresa, acabando por injectar nela cerca de sete milhões de dólares (nota: nos EUA, os "venture capitalists" andam tanto à procura de "start-ups" quanto o contrário); antes ainda de ser Instagram, a plataforma em que Kevin e Mike trabalhavam, a Burbn, já tinha captado cerca de 500 mil dólares de outros investidores.

Quando, no 3 de Abril de 2012, a Instagram lança a versão para Android, os downloads chegam a um ritmo que atinge os 2000 por minuto, ocorrendo 5 milhões em apenas 6 dias (um milhão logo nas primeiras 12 horas), com a singularidade de haverem já cerca de 400 mil pré-registos feitos no mês anterior ao lançamento, algo inédito para um produto gratuito.

Imediatamente, o mercado de investidores fica em ebulição e "entram pela porta principal" mais 50 milhões de dólares, novamente pela mão de investidores de risco. E assim, a Instagram passa a estar avaliada em valores que rondam 500 milhões de dólares (valor de mercado, já que não está cotada em Bolsa).

Esta sequência de eventos leva o CEO do maior player actual do social media a perder a cabeça e a pôr mil milhões de dólares "na mesa" para fazer da Instagram uma empresa (e um produto) do universo Facebook. Há muitas dúvidas e reticências sobre a oportunidade e valorização feita, especialmente lembrando que a Yahoo pagou 35 milhões pela Flickr em 2005, mas apenas o tempo e a evolução/sucesso do Instagram o dirão.

Crónica corrigida às 16h35 Foi rectificado o valor do montante em euros no primeiro parágrafo.

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