Qual é o papel da arte numa sociedade que se industrializou e se rendeu aos encantos da tecnologia? A resposta (ou uma primeira tentativa) está em Abrantes, que acolhe a partir de hoje, dia 25, a “Spin Techs”, a primeira de um conjunto de exposições dedicadas aos quatro elementos (Terra, Água, Fogo e Ar) que a associação cultural POGO quer organizar.
Durante um mês estarão reunidas na Antiga Rodoviária, na Rua Nossa Senhora da Conceição, obras inéditas que, à partida, nada têm em comum: vêm de 13 artistas com “backgrounds” bem distintos e assumem as mais diversas formas, desde as mais tradicionais, como a pintura, a escultura e a cerâmica, até aos suportes mais recentes, dos quais são exemplo o vídeo, a performance e o design gráfico.
Mas essas obras fundem-se no elemento Terra, ponto de partida de todas elas, e servem um mesmo objectivo. Pretende-se que “interroguem o significado da actividade artística no âmbito daquilo a que a literatura chamou sociedades da informação e do conhecimento”, explica o curador da exposição, Paulo Carmona, cujo nome também surge na lista de artistas intervenientes.
A ecléctica exposição propõe-se também a averiguar a relação – ou a falta dela – entre o que foi feito e o que se quis fazer, e ainda com o que está por fazer. Confusos? Talvez o melhor seja vê-la.
Interdisciplinaridade é a palavra de ordem
Ladies first. Então vai ser rápido, porque a especialista em conservação e restauro Lúcia Leitão é a única senhora que consta da lista de artistas, na qual, de resto, “it’s a man’s world”. Ruy Otero, Bruno Cecílio e Fernando Fadigas são alguns dos artistas que, ancorados no mote da criatividade, propuseram soluções nos mais variados suportes para o problema introduzido por Paulo Carmona.
A exposição “Spin Techs” vai mostrar que é possível (e até recomendável) “transgredir fronteiras” entre formas e géneros artísticos, o que resulta em respostas diferenciadas mas igualmente válidas para uma mesma questão.
A “Spin Techs” vai ser inaugurada hoje, às 21h, na Antiga Rodoviária de Abrantes que, até agora inactiva, vai ser devolvida à população sob a forma de contentor artístico. Um contraste óbvio: uma zona “marcadamente industrial” abre portas à arte, por definição única e irreplicável.
Até ao dia 25 de Março, a exposição poderá ser visitada de terça a sexta, entre as 14h e as 18h30, ao sábado, entre as 14h e as 22h, e ao domingo, entre as 12h e as 18h30. A entrada é gratuita.
