Cansei de ser número, prefiro ser sexy

Mas o que é ser jovem em 2012? Será assim tão diferente de uma juventude passada nos anos 80? Ou nos anos 90?

Paula Mateus
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Manuel Roberto
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Quando era pequena e brincava com Barbies, elas tinham 23 anos (que adultas) e já eram executivas de sucesso. Viviam em "lofts" no centro da cidade e ausentavam-se do país em reuniões de trabalho e viagens de lazer.

Em 2012, a taxa de desemprego jovem é de 31,5%.

Números, percentagens e mais números, todos os dias somos bombardeados com dados estatísticos (relevantes, atenção) que alarmam uns (sobretudo gerações mais maduras) e passam ao lado da maioria (que prefere nem pensar).

Mas o que é ser jovem em 2012? Será assim tão diferente de uma juventude passada nos anos 80? Ou nos anos 90?

Se pensarmos bem, os jovens em 2012 são, regra geral, bem comportados. Não se metem em drogas pesadas (ai como se preocupavam os pais nos anos 90), têm um papel activo na responsabilidade social (os dados indicam que o voluntariado jovem está a crescer) e até fazem reciclagem.

São viajados, criativos, desenrascados, tecnológicos, "multitaskers", integrados, globais. Têm o mundo a seus pés. Sabem lutar para atingir os seus objectivos. Os objectivos é que se calhar já não são os mesmos de há uns anos atrás. Mas conseguem adaptar-se. Adiam projectos de vida? Talvez alterem os seus objectivos. Será que o casamento é um plano de vida adiado ou é um plano que simplesmente já não faz sentido para esta geração?

Triste é perceber que o jovem não é sexy. E a expectativa ditava: quando eu crescer vou sê-lo.

Vou acabar o ensino, médio ou superior, e as empresas vão estar dispostas a trabalhar comigo. Vou comprar uma casa e os bancos vão ajudar-me a financiá-la. Vou sair do país para viajar, divertir-me, estudar e até emigrar se tiver um convite, uma oportunidade lá fora. Mas a decisão final estaria do meu lado. Porque ser sexy é ser desejado, é ter o poder na nossa mão.

E para quem é que os jovens não são sexy? Para as marcas, pelo reduzido poder de compra; para os pais, que continuamente contribuem para assegurar o bem-estar económico dos filhos à custa de sonhos adiados; para o país, que se vê confrontado com a geração mais tecnologicamente preparada, mas que não tem escapatórias para oferecer.

Se calhar, há que pegar nos números que a estatística nos oferece e pensar em soluções para ajudar os jovens a tornarem-se sexy. Para as marcas. Para as empresas. Para o Estado. E para eles próprios, para estarem preparados a acreditar que conseguem criar. Podem não ter uma carreira de sucesso aos 23 anos, como a minha Barbie, mas não são apenas uma percentagem. Têm potencial. Para mim, são sexy.

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