Claques de futebol que competem como escolas de samba

Tudo acontece em São Paulo, no Brasil. A Mancha Verde, do Palmeiras, a Gaviões da Fiel, do Corinthians, e a Dragões da Real, do São Paulo

Uma das fantasias da Mancha Verde DR
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Nunca o futebol esteve tão próximo do Carnaval de São Paulo, onde pela primeira vez três claques estão entre as 14 escolas de samba que vão competir bem longe dos relvados, e sob os holofotes do sambódromo do Anhembi.

Até ao ano do passado, eram duas as claques organizadas no grupo especial, o principal, de escolas de samba: a Mancha Verde, do Palmeiras, e a Gaviões da Fiel, do Corinthians. Em 2011, a Dragões da Real, do São Paulo, venceu o grupo de acesso, considerada a segunda divisão do samba, e subiu para o grupo principal.

As duas paixões reunidas levam ao samba a rivalidade dos três maiores clubes de futebol da cidade de São Paulo. Paulo Sérgio Ferreira, presidente da entidade que organiza o Carnaval, a Liga das Escolas de Samba, descarta o risco de conflito. “O componente da escola sabe que o sambódromo não é estádio de futebol e que, no samba, não existe rivalidade negativa. Estamos tranquilos sobre esse assunto”, disse.

Claques sem bandeiras

Mesmo assim, alguns cuidados foram tomados para que não haja embates entre as claques, como a diferença entre o horário dos desfiles e a proibição do uso de bandeiras.

A Polícia Militar informa que mil agentes estão destacados para fazer a segurança do carnaval. Os efectivos actuarão também nas estações de metro em que os apoiantes podem encontrar-se. A corporação recomenda ao folião que não vá ao sambódromo com a camisola da equipa de futebol. As bandeiras, latas e vidros, têm a entrada proibida.

A polémica das escolas de samba no grupo Especial começou em 2006, quando Gaviões da Fiel e Mancha Verde competiram pela primeira vez na elite do samba. Na altura, a organização optou por retirar as escolas do desfile, para fazer um evento separado entre as claques. A Gaviões, na entanto, conseguiu na Justiça o direito de desfilar no grupo especial e a Mancha teve de se apresentar sem competidores por dois anos.

Em 2008 a regra acabou, e a escola juntou-se às demais. “Era puro preconceito, ou medo do nosso bom desempenho. Briga é difícil de acontecer, porque temos controlo total sobre a comunidade”, afirma o director de Carnaval da Mancha Verde, Paolo Bianchi. Laryssa Antunes de Andrade, directora da Dragões da Real, realça que no Desfile das Campeãs (desfile festivo que ocorre uma semana após o Carnaval com as primeiras colocadas do Grupo de Acesso e do Especial), as três claques já passaram no mesmo dia, sem nenhum incidente.

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