Direitos das mulheres na Guiné-Bissau: missão cumprida

Desafios – direitos das mulheres na Guiné-Bissau. Está escrita a série de histórias que Ana Cristina Pereira andou a recolher em Outubro/Novembro de 2011, viagem que foi sendo partilhada com os utilizadores do P3

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Carla Carvalho Tomás

Aida está com dores nas costas. Carregou 12 filhos – segurava-os com um pano pente. Carrega lenha, arroz, legumes. Nené e Liliana cruzam-se no Hospital Nacional Simão Mendes. Uma nunca passou da segunda classe, a outra estudou Serviço Social e Recursos Humanos no Nordeste do Brasil. 

 

Lígia combate elevadíssimas taxas de mortalidade materna-infantil no Gabú, uma região da Guiné-Bissau. A mulher de um emigrante engravidou de outro. Matou o recém-nascido. Nhima foi vítima de mutilação genital, casamento forçado, violência doméstica. Tornou-se deputada para legislar contra tais práticas. Fatumata Djau fintou parte das tradições “nefastas”. Agora lidera o comité nacional que as tenta erradicar. 

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Nené estava internada no Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau Ana Cristina Pereira

 

Mama está cansada. A doença do marido afastou muita gente. Enviuvou com oito filhos menores. Vale-se de uma ONG. Fatumata Binto ficou a morar com o filho mais velho. Está preocupada com o mais novo, que um mestre corânico atirou para a mendicidade. Sene, dirigente das produtoras de bubacalhau, faz vida como antes da morte do marido: recusa-se a ser herdada pelo cunhado. 

 

Fátima está à frente das produtoras de sal de Buba. A actividade permite-lhe conquistar um pouco de autonomia. Aprendeu a escrever o nome. Alice estudou Sociologia em Portugal. É secretária-geral de uma das maiores ONG da Guiné-Bissau. Aposta no papel emancipador da educação.

 

O facto de ter "cumbossa", afinal, ajuda Dajbi a conciliar família, profissão e activismo em prol do acesso à escola. Maimuna usa a rádio comunitária para promover os direitos das crianças e das mulheres. Está em Guiledje a ensinar algumas a fazer sal solar para as tirar de cima dos fogões de três pedras. 

 

Milza está no Parque Nacional de Orango a ajudar a salvar tartarugas, tubarões e outras espécies raras. Passa pouco tempo com os filhos, em Bissau. Sábado sabe o que é isso. Coordena a Área Marinha Protegida de Gestão Comunitária das Ilhas Urok. Foi pela família que Titina, a prima, deixou o trabalho de campo. 

 

M’Bom educou as filhas sozinha. Apesar dos fracos recursos, traçou uma estratégia económica. Vende peixe no mercado de Bandim. Helena fez carreira na banca e agora é ministra da Economia, do Plano e da Integração Regional. Acha que é preciso encarar os problemas como desafios. 

 

"Desafios – direitos das mulheres na Guiné-Bissau". Está escrita a série de histórias que lá andei a recolher em Outubro/Novembro, viagem que contigo aqui fui partilhando (vê artigos relacionados à direita). Integra a primeira publicação da Casa dos Direitos, que deverá ser lançada no final de Fevereiro, num espaço que acolhia a antiga esquadra de Bissau e que agora renasce como centro de recursos para a paz e para o desenvolvimento. 

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