China, o gigante ressuscitado

Uma nova classe-alta emerge na China, aproveitando todas as hipóteses para se exibir

Os novos ricos gostam de carros espampanantes
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São muitas as diferenças a captar a atenção de um desprevenido casal de portugueses, recém-chegado a este país em permanente mudança. A principal talvez seja a emergência de uma nova classe de ricos, na sua maioria “novos ricos”, pois da classe-alta tradicional já pouco ou nada resta.

Este novo-riquismo é por demais evidente numa latente ânsia de ostentação (os milionários são menos exibicionistas, mas por razões diferentes). Esta ostentação manifesta-se em todos os campos imagináveis. Primeiro: na roupa e adereços, claro está. Um mercado em que as marcas americanas se foram apercebendo da emergência de um mar de potenciais consumidores, inundando-o com produtos, curiosamente pouco adaptados ao estilo local.

Na verdade, o objectivo da ostentação manifesta-se no uso de roupas ao estilo ocidental, uma vez que tal transmite a presença de poder de compra. Isso justifica que estas marcas pratiquem preços superiores aos que cobram no Ocidente. Segundo: na electrónica. Aqui, com especial fulgor, confirmando que os asiáticos têm um fraco por tudo aquilo que seja tecnologia. O inevitável iPhone é o sonho da maioria dos estudantes.

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As lojas de organização de casamentos brotam de todos os cantos DR

Terceiro: nos automóveis. É por demais evidente a disparidade de rendimentos, com uma frota automóvel maioritariamente nova por oposição às sempre presentes "ebikes", substancialmente mais acessíveis, porém, na sua maioria, aparentando levar já largos anos de trabalho. Mais do que novos, os carros são muitas vezes espampanantes, sendo porventura – de resto, tal como no Ocidente – o expoente mais gráfico deste exibicionismo. Observe-se a fotografia ao lado de um Lamborghini verde-alface (que outro bólide poderia ser mais espampanante?) estacionado em frente, bem em frente, a um hotel.

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Quarto: o imobiliário. A ascenção social associada à escassez de investimentos alternativos tem insuflado uma enorme bolha neste sector, com os condomínios privados a multiplicarem-se, mimetizando o paradigma das estrelas americanas de Holywood.

Para terminar, o mais recente "boom" no mercado chinês diz respeito à procura por um bem, aliás, serviço, aparentemente efémero, mas com um efeito no "status" social muito duradouro: o casamento. As lojas de organização deste tipo de eventos brotam de todos os cantos, não poupando no luxo. Mais do que o serviço, vende-se o sonho, ao jeito de qualquer programa cliché da televisão americana: desde a marcha nupcial a cobrir entrada dos noivos ao bolo enorme, não descurando, claro está, exuberantes vestes, o fato (sempre o menos discreto possível) para o noivo e o vestido para a noiva. Muitas vezes, segundo consta, a noiva usa vários vestidos ao longo da cerimónia, qual apresentadora da cerimónia dos Óscares.

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