Blogues sobre Lisboa: discutir na Internet, agir na rua

Manifestações não se fazem só na rua. A blogosfera está cheia de jovens lisboetas com críticas e elogios a fazer à cidade

Tanto o projecto “Pensar Lisboa” como o “Lisboa SOS” debruçam-se sobre problemas e virtudades da cidaderetorta_net/Flickr
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Tanto o projecto “Pensar Lisboa” como o “Lisboa SOS” debruçam-se sobre problemas e virtudades da cidaderetorta_net/Flickr
Tanto o projecto “Pensar Lisboa” como o “Lisboa SOS” debruçam-se sobre problemas e virtudades da cidaderetorta_net/Flickr
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Tanto o projecto “Pensar Lisboa” como o “Lisboa SOS” debruçam-se sobre problemas e virtudades da cidaderetorta_net/Flickr

A blogosfera dedicada à vida lisboeta assemelha-se cada vez mais a uma assembleia municipal geral, mas só para o povo. Convida habitantes do município a tomar parte de uma discussão que a todos diz respeito, e também dá a conhecer o melhor e o pior da cidade de Lisboa.

Se tomarmos como exemplo os blogues "Pensar Lisboa" e "Lisboa SOS", perceberemos que, para os seus autores, as reflexões sobre a cidade não se limitam à Internet. Já estão nas ruas.

“O mundo virtual é muito cómodo. Podemos de um sofá, de um banco de jardim, de um simples telemóvel pensar Lisboa, mas nós já saímos do ecrã”, garante Diogo Agostinho, um dos autores do “Pensar Lisboa”.

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Os habitantes de Lisboa acabam por questionar os grandes males da cidade em blogues retorta_net/Flickr

Os autores do blogue “Lisboa SOS”, que preferem manter o anonimato, garantem que já saíram do mundo virtual há muito tempo. “Nós estamos já nas ruas da cidade...  a fotografar, a fazer reportagens, a falar com as pessoas.”

Usar o portátil para questionar a cidade

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Os habitantes de Lisboa acabam por questionar os grandes males da cidade em blogues retorta_net/Flickr

Na falta de uma presença mais vincada nas cadeiras da Assembleia Municipal, os habitantes de Lisboa acabam por questionar os grandes males da cidade em blogues de discussão local. Mas não se pense, por isso, que os cidadãos estão conformados demais para se darem ao trabalho de ir a uma reunião camarária. Não, muito pelo contrário.

A discussão "online" tem um impacto cada vez maior e, a prová-lo, está a importância que os políticos locais dão a estas plataformas. “Soube que já fomos referidos em reunião de câmara pelo grupo de vereadores do PSD”, assegura Luís Melo, um dos autores do blogue “Pensar Lisboa”.

Desenganem-se, portanto, aqueles que acham que os autores de blogues como o “Pensar Lisboa” ou “Lisboa SOS” estão condenados a ser activistas de secretária. São eles os primeiros a reconhecer que o mundo "online" oferece outra comodidade ao “protesto”, mas garantem que grande parte da missão passa pelo trabalho de campo.

Os blogues dão conta de vários problemas da cidade, como o mau funcionamento de serviços ou as más condições em que alguns habitantes vivem. Mas nem só de desgraças se fazem estas plataformas. Tanto o projecto “Pensar Lisboa” como o “Lisboa SOS” apresentam casos de sucesso da cidade e do cidadão ou propostas cívicas e culturais para todos os gostos e idades.

Para Catarina Torres, residente em Lisboa, o blogue “Lisboa SOS” ganha “porque põe a descoberto as situações críticas da cidade lisboeta, mas também o que de melhor a cidade tem”. Na sua opinião, o “Pensar Lisboa”, acaba por ser menos pertinente e interventivo, já que “muitos dos 'posts' são opiniões de conhecidos sobre a cidade e, a não ser que essas pessoas estejam ligadas a projectos para revitalizar a cidade, acho que não trazem nada à cidadania local”.

Já Maria João Oliveira, trabalhadora-estudante na área das relações empresariais, afirma que tanto um como o outro “mostram aquilo que está ao nosso lado e que, por vezes, não vemos”, afirma. E vai mais longe: “O passo seguinte é agir e, com o contributo de todos, podemos tornar Lisboa num sítio ainda melhor”.

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