Facebook continua de vento em popa apesar da tempestade

No meio de críticas e más notícias, o número de utilizadores aumentou e o lucro disparou 63%.

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Os primeiros resultados do ano dão a Zuckkerberg motivos para sorrir LUSA/MICHAEL REYNOLDS

A torrente de preocupações com as notícias falsas e os maus usos do Facebook não estão a afectar a capacidade da rede social para atrair utilizadores e fazer dinheiro. A empresa viu as receitas e o lucro dispararem nos primeiros três meses do ano, mas este período ainda não abrange o escândalo do uso de dados pela consultora política Cambridge Analytica.

No final do primeiro trimestre, o Facebook tinha 1450 milhões de utilizadores diários, mais 50 milhões (cerca de 4%) do que nos três meses anteriores (o crescimento é de 13% em relação ao mesmo período de 2017). Já as receitas subiram 49% face ao ano anterior, para quase 11.970 milhões de dólares. O lucro disparou 63%, para perto de 4990 milhões de dólares. O Facebook também empregava no fim de Março 27.742 pessoas, mais 48% do que há um ano.

“Apesar de enfrentarem desafios importantes, a nossa comunidade e o negócio tiveram um bom arranque em 2018”, sintetizou Mark Zuckerberg, na apresentação de resultados desta quarta-feira.

Zuckerberg assumiu em Janeiro, como decisão de ano novo, resolver os problemas da rede social. Naquela altura, o Facebook deparava-se com múltiplas críticas, nas quais a empresa era acusada de não ter feito o suficiente para lidar com a desinformação e o discurso de ódio que grassam na plataforma, nem com os anúncios e outra propaganda russa que tentaram influenciar as presidenciais americanas.

A rede social era também posta em causa devido aos efeitos psicológicos que poderá ter nos utilizadores. Um antigo executivo afirmou numa conferência que o Facebook estava "a destruir a forma como a sociedade funciona" e Sean Parker, o primeiro presidente não executivo e um dos primeiros investidores, argumentou que a rede social explora "uma vulnerabilidade na psicologia humana".

Porém, foi já este mês – um período que não é abrangido pelos resultados agora comunicados – que surgiu a notícia de que dados de 87 milhões de pessoas (Zuckerberg incluído) foram obtidos contra as regras do Facebook e usados pela consultora política Cambridge Analytica (a empresa tem negado ter usado ilicitamente quaisquer dados). Na sequência do caso, Zuckerberg aceitou depor no Senado. As intervenções do líder da empresa ficaram marcadas por sucessivos pedidos de desculpas, respostas evasivas, alguma abertura a regulação e várias perguntas a revelarem falta de preparação por parte dos políticos de Washington.

Os efeitos do escândalo da Cambridge Analytica só serão conhecidos na apresentação de resultados do segundo trimestre. Mas, nesta quinta-feira, os investidores deram sinais de confiança na empresa, com as acções do Facebook a subirem quase 7% nas transacções feitas antes da abertura dos mercados nos EUA.

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