Visual Complexity já é um livro — e uma biblioteca do séc. XXI

Depois do site, o português Manuel Lima, designer da Microsoft, lançou o livro que tenta desatar alguns nós da World Wide Web

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Visual Complexity é uma grande biblioteca do século XXI Visual Complexity, Princeton Architectural Press
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Visual Complexity é uma grande biblioteca do século XXI Visual Complexity, Princeton Architectural Press

A complexidade da informação e a beleza inerente à representação de dados. Em 2005, o site Visual Complexity partiu dessa premissa. Manuel Lima criava assim uma espécie de mapa de mapas, uma biblioteca do século XXI que hoje — com cerca de 750 projectos catalogados — muitos preferem chamar de galeria de arte.

Considerado uma das mentes mais criativas e influentes de 2009 pela revista Creativity, o açoriano Manuel Lima, responsável pela equipa de designers da Microsoft Bing, decidiu preservar a sua colecção de padrões, símbolos, algoritmos e gráficos assinados por designers, cientistas e investigadores em áreas tão distintas como a política, a saúde, a ciência, os transportes ou mesmo o terrorismo.

O resultado é simples e bastante “old school”. Um livro: Visual Complexity — Mapping Patterns (pela Princeton Architectural Press e ainda sem edição portuguesa). “Apenas isso, um livro impresso. É o antónimo do site”, disse ao P3 Manuel Lima, em Nova Iorque, a sua nova base de trabalho. “Tem sido mais fácil recolher imagens da idade média do que alguns mapas de servidores com dez anos”, explica, resguardando o seu Visual Complexity da praga “digital dark ages”.

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O projecto engloba cerca de 750 redes Visual Complexity, Princeton Architectural Press

“Há plugins que não funcionam, códigos que se perdem no tempo, domínios que expiram... A informação digital desaparece com uma facilidade incrível”, sustenta.

Networkismo

O livro, composto por sete capítulos, parte da metáfora “árvore da vida” e da “necessidade humana secular de mapear o conhecimento”. Manuel Lima catalogou as primeiras formas de representação do pensamento para no capítulo seguinte (“From Trees to Networks”) desconstruir essa teoria linear.

“O mundo moderno e a organização do conhecimento exige mais. Os esquemas em árvore tornam-se ineficazes na explicação do mundo moderno, no entendimento das cidades e na análise do comportamento em rede”, comenta Lima, citando Christopher Alexander (“A City is not a Tree”).

A descodificação da teia de redes está guardada para o terceiro capítulo, aquele a que Manuel Lima apelida de “preparação da festa”.

A festa propriamente dita é uma explosão visual, é uma das razões do sucesso do Visual Complexity. Em dois capítulos, e através de cerca de 200 imagens, Manuel Lima viaja através de uma nova linguagem gráfica, como um novo alfabeto composto por pontos, traços e matrizes luminosas: a rede ferroviária de Manhattan, o eco dos protestos no Médio Oriente, a mancha de relações do Twitter...

“Quando olhamos para estas redes percebemos que são representações muito bonitas, mas também o oposto da tradicional representação de beleza”, sugere Manuel Lima, que introduziu o “networkismo” como um movimento artístico das redes.

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