Semibreve: Braga, capital da electrónica de vanguarda

Mais público do que o esperado e a prova de que a música electrónica é inseparável da componente visual. Nos três dias de "festa", Alva Noto teve uma actuação esmagadora

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Foi a primeira edição do festival Semibreve Cortesia festival Semibreve

Braga não é propriamente conhecida por ser uma cidade cosmopolita ou de vanguardas culturais. Mas, durante o último fim-de-semana, a primeira edição do festival Semibreve (com epicentro no Theatro Circo) conseguiu juntar alguns dos intérpretes mais relevantes da música electrónica de vanguarda, como Jon Hopkins e Alva Noto, que produziram dois grandes espectáculos. A cidade minhota foi, ao longo de três dias, a capital mundial desta expressão artística de vanguarda, conseguindo mesmo uma parceria com "The Wire", possivelmente a mais influente publicação de música alternativa do mundo. A presença da imprensa internacional (foram acreditados 12 jornalistas) e de público estrangeiro mexeu com Braga. Nos corredores do Circo, e não só, falaram-se várias línguas.

A sala principal e o pequeno auditório estiveram perto de encher em várias actuações, com muito público jovem. Este aspecto é particularmente relevante tendo em conta que o festival se inseriu na programação da Capital Europeia da Juventude 2012, como uma espécie de preâmbulo. "Isto é música de nicho. Tínhamos expectativa interna de trazer 300 pessoas, mas mais do que duplicámos. Um promotor alemão disse-me que nunca conseguiu juntar mais de 100 pessoas em concertos de Alva Noto e Fennesz e está muito surpreendido", avançou Luís Fernandes, músico dos peixe : avião e um dos organizadores, ao lado de Miguel Pedro e António Rafael, dos Mão Morta.

Outra nota de destaque foi o facto de a programação ter conseguido mostrar como som e imagem se podem relacionar de diferentes formas, com sucesso, acrescentando um carácter mais narrativo a uma expressão musical potencialmente fria na relação com o público (observar os músicos a operar os seus MacBooks e a fazer girar botões não é uma imagem muito estimulante). "Sem a parte visual, o concerto poder-se-ia realizar, mas é óptimo que as duas coisas funcionem entre si, com ritmos semelhantes", comentou Hans-Joachim Roedelius, um pioneiro da música electrónica e experimental, hoje com 77 anos. Simbolicamente, o berlinense deu o primeiro concerto do festival, na noite de sexta-feira, liderando o projecto Qluster, em que é acompanhado por Onnen Bock. Roedelius e Bock criaram uma sonoridade feita de subtilezas, construída com recurso a "loops" e a vários teclados, às imagens trabalhadas em tempo real pela dupla austríaca Luma.Launisch, que documentou em vários momentos paisagens citadinas. 

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