Voluntariado pode ser uma forma de procrastinação útil

Como voluntário, procrastinar pode ter um novo sabor. Dar cinco minutos do nosso dia pode bastar, nem que seja na organização de dados online de uma ONG

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O termo "procrastinação" ainda há pouco tempo entrou nas nossas línguas, mas já se transformou num estado diário de vida generalizado em cada um de nós, principalmente nos estudantes universitários. Todos reservamos aqueles minutos especiais para estar no sofá, com portátil nas pernas, a percorrer o Stumble, o 9gag, o Facebook, o Youtube, o Miniclip ou até, para os mais ousados, a ler os jornais (online, obviamente).

Stumbleupon

Insere os teus gostos, ou um tema específico, e tens horas de páginas ligadas a esse tema só com o clicar de um botão. Um verdadeiro motor de procrastinar e procurar algo mais aleatório.

9GAG

Todos os dias são inseridas mais de 100 montagens, fotos ou "memes" (termo de internauta) para rir e exercitar o sarcasmo. Há até os "lolcats" (termo de internauta). O verdadeiro sorriso para o ecrã. Podes também submeter imagens ou montagens tuas.

Miniclip

Todas as semanas há mais três mini-jogos online. Trata-se da página deste ramo com melhor qualidade e mais visitas.

Facebook e Youtube

Dispensam apresentações. Nos trabalhos em que parece que estamos a perder o mundo que nos rodeia por estarmos concentrados numa função, são de fuga aqueles segundos em que se actualiza o perfil, partilha-se uma música, manda-se uma imagem engraçada a um amigo ou joga-se aquele minijogo sem lógica nenhuma. A verdade é que aqueles cinco minutos parecem um recarregar de pilhas para mais vinte minutos de trabalho. Até nas aulas temos de mandar o "bom bitaite português" sobre como aquilo está a ser e partilhar com os outros.

A reflexão de não perder tempo ou de o ocuparmos com tarefas "inúteis" é algo a que, em jeito de ironia, chamo de "síndrome de ocuparmo-nos mais".

Usar o tempo de uma maneira mais comedida é muitas vezes o segredo para uma melhor "performance" a vários níveis, ganhando todas as tarefas um novo "sabor". Diversos estudos científicos comprovam que aprendemos sem nos apercebermos e que o "arcabouço" de muito da nossa vida vem da nossa dedicação aos outros, mesmo nas funções mais simples. Estive numa palestra recentemente quando um dos oradores disse: "As minhas responsabilidades e capacidades de mudança começam nos meus avós".

Deixo a sugestão de darem um salto a uma página, sobre a qual assisti a uma apresentação recentemente, que parece ter pernas para andar: Inpakt. Ou procurem a bolsa de voluntariado portuguesa já muito divulgada. Dar cinco minutos do nosso dia basta, nem que seja na organização de dados online de uma ONG. Os minutos de procrastinar terão sempre um novo sabor - e muito mais valor. Continuaremos a procrastinar todos na "dose certa" e sem medo que o mundo nos fuja das mãos quando tivermos a nossa concentração em tarefas cujo sentido muitas vezes não vemos.

Tudo se resume ao que Saramago disse uma vez: "Não tenhamos pressa mas não percamos tempo."

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