Vânia Gonçalves, orgulhosamente "geek”

Vânia diz que o conceito deste grupo ainda é influenciado por estereótipos errados, mesmo na net, onde a definição é pejorativa

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Vânia Gonçalves é responsável, desde 2010, pela organização do evento Portugal Girl Geek Dinners Maria Eduarda Moreira

Um "geek" “passa o tempo a 'twittar', a consultar o 'smartphone' ou o 'tablet'”, esclarece Vânia Gonçalves, de 32 anos. O gosto pela tecnologia surgiu quando recebeu o primeiro computador e no 10.º ano já estava decidida a seguir a área informática.

Licenciada em Engenharia Informática, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, fez mestrado em Políticas Tecnológicas na Universidade de Cambridge. Actualmente, trabalha num Instituto de Investigação na Universidade de Bruxelas. Optou por prolongar a sua formação em Portugal e continua a estudar na FEUP, onde está presentemente a fazer doutoramento.

“Tenho algum orgulho em ser 'geek'”, confessa Vânia. “Quando às vezes me vêm colocar uma dúvida tecnológica, consigo resolver”, o que admite provocar alguma surpresa por ser uma mulher. A engenheira informática reconhece que os homens ficam surpreendidos: “A reacção do homem irrita-me um pouco”.

O gosto pela tecnologia começou aos 8 anos, quando recebeu um ZX Spectrum 128K

Mas são estes pequenos preconceitos que Vânia quer exactamente contrariar: “Acabo por “sair por cima”, porque consegui resolver algo que é tecnológico e que desmistifica um bocado que a mulher não sabe mexer em tecnologia”.

Vânia afirma que ser geek não é necessariamente querer ser diferente, mas sim ter curiosidade em saber mais sobre tecnologia

Ser uma mulher "geek"

Vânia Gonçalves é responsável, desde 2010, pela organização do evento "Portugal Girl Geek Dinners", cuja ideia surgiu em 2005, em Inglaterra. Este grupo tem vindo a crescer: “Tem-se alargado a diversos países. Já há mais de 90 grupos a nível mundial”. O intuito é reunir mulheres "geeks" que querem partilhar conhecimentos, sem terem necessariamente uma formação nessa área.

“Há poucas mulheres que gostam ou estão envolvidas com tecnologia”, confessa Vânia. Nesse sentido, a engenheira informática mostra descontentamento por todos os dias tantas mulheres terem acesso à tecnologia e usufruírem dela, como as redes sociais, mas poucas apostarem numa formação superior na área tecnológica: “Nós somos mulheres normais, com vidas profissionais na área da tecnologia.

À semelhança de outras áreas profissionais, há um estigma que se criou, mas que há-de ser ultrapassado”. Vânia lamenta que este grupo não esteja “mais integrado” e afirma que, como "geek", quer “partilhar experiências e conhecimento” com outras pessoas.

Artigo corrigido no dia 9 de Outubro

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