Terapia para lesões na medula espinal estudada em ratinhos

Cientistas usam tubo feito com substância do camarão para regenerar tecido nervoso. Resultados são “muito promissores”

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Ana Paula Pêgo explica que, ao contrário da estrela do mar, o corpo humano não é capaz de promover a regeneração de membros

Cientistas do Instituto de Engenharia Biomédica (INEB) estão a testar em ratos um método de reparação de lesões na medula espinal. O grupo, coordenado pela investigadora Ana Paula Pêgo, utiliza tubos especiais para ajudar na regeneração do tecido nervoso e, dessa forma, permitir a recuperação dos movimentos.

Os tubos utilizados são porosos e feitos de quitosano, uma substância encontrada na casca do camarão. Os cientistas recheiam os poros dos tubos com elementos que ajudam a regeneração. Estes elementos consistem em pequenas esferas com células estaminais.

Os resultados preliminares dos testes em animais são “muito promissores”, garantiu Ana Paula Pêgo ao P3. Mas ainda não é possível prever quando é que o método poderá ser testado em humanos.

Regenerar em vez de substituir

O tecido nervoso é composto por células com longas extremidades que enervam tecidos e músculos, criando assim ao longo do corpo inúmeras “vias rápidas” por onde circula informação de e para o cérebro. “Quando ocorre uma lesão, há uma perda de continuidade e a informação não passa”, explicou a cientista. É esta interrupção no fluxo de informação que leva à perda de movimentos.

A aposta na regeneração é uma tendência na ciência contemporânea. Em vez de substituir as partes que estão a funcionar mal no corpo humano, os cientistas estão cada vez mais a explorar terapias que ajudem o próprio corpo a regenerar-se.

Ana Paula Pêgo concluiu em 2002 o doutoramento em química de polímeros e biomateriais na Universidade de Twente, na Holanda. Actualmente, coordena no INEB a equipa de biomateriais aplicados à neurociência.

Entre as investigações em curso no departamento do INEB está ainda a utilização do quitosano como um vector para a entrega de drogas no interior do corpo. Neste projecto, o quitosano actua como um carteiro capaz de fazer chegar uma "encomenda" terapêutica no endereço certo.

Notícia corrigida em 23/09/11

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