"O meu sonho sempre foi fazer o que eu fazia lá fora, mas cá"

Pedro Castro Henriques estudou e trabalhou no estrangeiro. Regressou com saudades da família e do clima português

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Fernando Veludo/nFactos

As saudades do país, do clima e da família trouxeram Pedro Castro Henriques de volta a Portugal. É já de volta ao país que recebe, por intermédio de um amigo, uma proposta de trabalho em Londres. No entanto, essa proposta é recusada.

“Eu já estou nessa fase de que voltei e em que estou a criar o meu projecto e a investir e a pensar no futuro”. O engenheiro informático de 35 anos nega qualquer tipo de arrependimentos, “foi uma decisão consciente”, confessa.

Com a experiência de quem já estudou e trabalhou fora, Pedro Castro Henriques conhece bem a dificuldade de se construir uma vida noutro país. Para aqueles que tencionam emigrar, Pedro afirma que “há o risco de ser uma ilusão” se não se tiver “a mínima noção do que é que há do outro lado”.

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Pedro Castro Henriques criou a empresa de software StrongStep Fernando Veludo/nFactos

Criar o próprio emprego 

Pedro Castro Henriques é hoje director da empresa Strongstep, ligada à engenharia de "software" e que se dedica a ajudar empresas a subirem a qualidade do "software". Confessa que gosta muito do que faz. “O meu sonho sempre foi fazer o que eu fazia lá fora, cá”.

Pedro considera importante a experiência internacional, mas acha que é um problema para o país se ninguém regressa

Começou a vida académica em 1994 na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, onde estudou engenharia informática. Foi um curso de Verão na Polónia que o motivou a candidatar-se a Erasmus, em Toulouse, no último ano do curso.

A experiência de seis meses no INSA (Institut National des Sciences Appliquées) trouxe-lhe alguns choques culturais. “Notava-se uma grande diferença entre a maneira de estar e de ser”. Pedro teve ainda a oportunidade de estagiar no Laboratório Nacional de Pesquisa Francês, após ter pedido uma prolongação do período de Erasmus de 6 meses.

Experiência na Suécia 

A “vontade de trabalhar para a Ericsson”, assim como de voltar a ver a namorada sueca que conheceu em Toulouse, levam-no a emigrar para a Suécia. É um amigo que lhe fala de uma feira de emprego que contava com a presença de 100 empresas, que Pedro desde logo começa a contactar. “Tinha 2 ou 3 entrevistas marcadas dessas 100. Era preciso batalhar muito”, confessa Pedro.

Em Janeiro de 2000, Pedro Castro Henriques começa a trabalhar na Ericsson e inicia a primeira experiência de trabalho remunerado no estrangeiro. Quanto à especialização na área da engenharia informática, Pedro afirma que “Portugal forma pessoas muito boas e dá-lhes conhecimento de ponta” e que nunca sentiu dificuldades em trabalhar no estrangeiro.

Para o director da Strongstep, é tudo uma questão não só de formação, mas também de “persistência”. No entanto, apesar de elogios à formação nesta área, Pedro levanta também um problema actual: “as pessoas que saem formadas são poucas em Portugal, se elas não voltarem isso é um problema grave para o país”.

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