Hospital São João autorizado a assumir encargos plurianuais até 15 milhões

Parte das verbas destina-se à remodelação da ala onde estaria o serviço de neurocirurgia que, dada a necessidade de obras, funciona há 11 anos em pré-fabricados.

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O Governo autorizou o Centro Hospitalar São João, no Porto, a assumir encargos plurianuais até 15 milhões de euros, mais IVA, para adquirir serviços de radioterapia, equipamentos de ressonância magnética e remodelar a ala sul central.

Em comunicado, nesta sexta-feira, a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte detalha o destino desta verba: até 6,8 milhões de euros são para a aquisição de serviços de tratamento por radioterapia e até 1,8 milhões para a compra de equipamentos de ressonância magnética. A fatia intermédia, de 5,5 milhões de euros, destina-se à remodelação da ala sul central, pisos 7 e 8, que diz respeito aos serviços de neurologia e neurocirurgia, respectivamente. Esta última ala, dada a necessidade de obras, funciona há 11 anos em pré-fabricados.

A autorização agora dada pelo Governo não vem resolver os problemas denunciados nesta semana na ala pediátrica. As condições deste serviço, que funciona há cerca de dez anos em construções provisórias, foram classificadas pela administração como "miseráveis". O Governo foi entretanto pressionado pelo Parlamento a desbloquear a verba de 22 milhões já aprovada para as obras na pediatria. O PDS pediu explicações a ministro da Saúde

Na origem esteve a denúncia avançada pelo Jornal de Notícias, na terça-feira, de que existem crianças a receber tratamentos de quimioterapia nos corredores do hospital, onde as condições do serviço pediátrico são descritas como “indignas”.

A ARS recorda que em 2016 foram igualmente alocadas verbas para a adaptação da sala de angiografia, remodelação com fornecimento de elevador e sistema de climatização do centro ambulatório.

Já no ano passado foram autorizados os investimentos respeitantes a empreitada de beneficiação do interior, impermeabilização dos reservatórios de água, remodelação da sala de radiologia do centro de ambulatório.

"Responsabilizar os ministros"

Sobre esta questão, o bastonário da Ordem dos Médicos afirmou que "chegou a hora de responsabilizar directamente os ministros da Saúde e das Finanças por qualquer situação má que possa acontecer a estas crianças" atendidas na pediatria do São João.

Miguel Guimarães disse à Lusa que o "caso muito grave" que acontece na ala pediátrica do São João, instalada em contentores há vários anos, "pode ter repercussões". "Isto é desgastante, é degradante para todos, utentes e profissionais", afirmou, lamentando que as "promessas" por cumprir sejam "transversais aos vários Governos".

"As condições em que os utentes e os profissionais de saúde vivem não se explicam. Há transportes frequentes entre os contentores e o edifício sede do hospital. Há doentes horas à espera por uma ambulância do próprio hospital para percorrer 100 ou 200 metros. Isto é quase terceiro-mundista. É surrealista", sublinhou Miguel Guimarães.

O bastonário da Ordem dos Médicos avançou que na próxima semana vai visitar este equipamento hospitalar.

Esta situação já desencadeou tomadas de posição por parte de vários partidos políticos e, confrontado com este cenário, na quarta-feira o Presidente da República garantiu que "há sensibilidade do Governo" para resolver a situação e que este irá contribuir para resolver o problema.

No mesmo dia, o ministro das Finanças escusou-se a revelar quando será concretizado o investimento na ala pediátrica. "Hoje, já não é uma questão. O investimento na ala pediátrica no São João é uma garantia porque vai avançar", disse Mário Centeno aos deputados das comissões parlamentares da Saúde e das Finanças.

Mas, questionado várias vezes por diversos deputados sobre a data em que as Finanças irão libertar os 22 milhões de euros necessários para a construção da ala pediátrica do Hospital de São João, Mário Centeno limitou-se a referir que "há um pacote de investimentos que está a ser trabalhado entre o Ministério da Saúde e o Ministério das Finanças", que inclui o investimento da ala pediátrica no São João.

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