Dona da British Airways aterra na Norwegian

A IAG comprou 4,6% da Norwegian, transportadora aérea low cost, e admite cenário de aquisição total.

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Empresa low cost tem apostado nos voos de longa duração REUTERS/Marcos Brindicci

A International Airlines Group (IAG), grupo que reúne a Iberia, a British Airways e a Vueling, comprou 4,6% da concorrente low cost Norwegian, admitindo a hipótese de avançar com uma oferta sobre a totalidade do capital. De acordo com um comunicado da IAG, emitido após notícias de agências internacionais, como a Bloomberg, que davam conta do negócio, o grupo diz que vê a Norwegian “como um investimento atractivo”.

A participação minoritária que já adquiriu, diz a IAG, tem como objectivo “estabelecer uma posição que permita iniciar uma conversação com a Norwegian, incluindo a possibilidade de uma oferta global” sobre o capital da empresa. Até agora, segundo afirmaram as duas companhias de aviação, nada ainda ocorreu em termos de conversações.

A IAG aproveitou também para sublinhar que ainda não foi decidido se reforça a posição na Norwegian. Já por parte da transportadora norueguesa, esta afirmou desconhecer a posição de 4,6% detida pela IAG e que o interesse do concorrente vinha mostrar “a sustentabilidade e o potencial do modelo de negócio e de crescimento global” da Norwegian. Referenciada como uma das maiores low cost europeias (além da Ryanair e da Easyjet), a empresa norueguesa fundada e liderada por Bjorn Kjos tem apostado nos voos de longa duração, transatlânticos.

O presidente da IAG, Willie Walsh, que comprou a Vueling em 2015, tem estado bastante atento ao conceito das low cost com voos de longa duração, afirmou à Reuters Gerard Khoo, analista da Liberum. "Esta pode ser uma tentativa de acelerar o desenvolvimento [da IAG nesta área] ao mesmo que ganha escala e maior alcance para a Vueling no mercado intra-europeu", afirmou este analista.

Caso a IAG não compre a Norwegian, o resultado pode ser uma parceria entre as duas empresas, com sinergias e poupanças em novos investimentos em rotas. Neste aspecto, a Reuters, que destaca que a Norwegian tem estado pressionada para reduzir custos e melhorar as contas na sequência do esforço de expansão rápida, cita analistas da Bernstein que defendem que uma parceria poderia dar "alguns dos benefícios da consolidação sem o provável custo elevado" de uma aquisição.

A estrutura accionista da Norwegian está bastante fragmentada, com o maior accionista, o HBK (ligado a Bjorn Kjos), a deter 24,6%, de acordo com o último relatório e contas disponível, referente a 2016. O segundo maior investidor detém 9,1%, cabendo ao terceiro 5,6%. Tendo em conta estas posições, a IAG é agora o sexto maior accionista da Norwegian, cujas acções, depois de terem estado suspensas, subiram 37% esta manhã. Em termos de capitalização bolsista, a empresa está agora avaliada em cerca de 810 milhões de euros.

O movimento da IAG surge pouco tempo depois de ter perdido a corrida à low cost austríaca Nikki, que acabou por ficar nas mãos do ex-campeão de F1 Niki Lauda e da Ryanair.

Com o sector a dar sinais de maior consolidação, a Lufthansa ficou com a maior parte dos activos da Air Berlin (a Easyjet conseguiu garantir a compra de alguns aviões), e os administradores de insolvência da Alitalia confirmaram esta quarta-feira ter recebido três propostas para a empresa (e nas quais estão envolvidas a Easyjet e a Lufthansa).

Numa outra escala, a açoreana SATA está a tentar captar um investidor que queira ficar com 49% da Açores Airlines (ex-SATA Internacional). No dia 16 de Março terminou o prazo para a entrega de propostas, não vinculativas, sem que a empresa tenha divulgado o seu resultado e número de interessados. De acordo com o caderno de encargos o valor do preço dos 49% não pode ser inferior a 3,67 milhões de euros, e o investidor tem ainda de avançar com um suprimento de dez milhões (reembolsável em cinco anos).

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