Desafio lançado, desafio aceite: panificadoras reduzem sal no pão

No Dia Mundial da Saúde o ministério distingue várias personalidades e entidades que no último ano prestaram “serviços relevantes à saúde pública”.

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Nuno Ferreira Santos

Hoje quando for chamado ao palco para receber a distinção de mérito do Ministério da Saúde, Albertino Santos leva a responsabilidade de representar as 120 entidades que fazem parte da Associação Nacional de Industriais da Panificação, Pastelaria e Similares de Lisboa. Também a Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Norte e a Associação de Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares vão receber a mesma distinção.

Os 12 galardões, do prémio criado este ano para personalidades ou entidades que no último ano prestaram “serviços relevantes à saúde pública”, são entregues na Fundação Calouste Gulbenkian num evento, neste sábado, que assinala o Dia Mundial da Saúde.

“O sal é um dos factores de risco alimentar que mais contribui para a perda de anos de vida saudáveis e é por isso um dos principais inimigos a combater”, assume o ministério no comunicado que anuncia os premiados e onde refere que todos os dias os portugueses consomem 30 toneladas de sal acima da dose recomendada.

O desafio é fazer com que até 2022 a quantidade de sal por cada 100 gramas de pão seja inferior a 1 grama. O protocolo com as três associações foi assinado no dia 16 de Outubro e a “responsabilidade é grande”, afirma Albertino Santos, presidente da associação de Lisboa, “porque estamos a responder sobre a saúde pública”.

Uma parte do caminho já está feito. “Estamos satisfeito porque não há pão a ser vendido com mais 1,2 gramas de sal [por cada 100 gramas]. Já temos pão saudável”, afirma. O limite legal actualmente é de 1,4 gramas de sal por 100 gramas de produto.

O sabor? Esse é o mesmo. O teste foi feito por altura da assinatura do protocolo com uma prova cega. “Levei três pães com quantidades diferentes de sal, mas todas abaixo de uma grama. Ninguém sabia qual tinha mais ou tinha menos. Eram todos saborosos. Eu também não acertei”, diz, apesar de terem saído da sua panificadora.

“Agora é necessário trabalhar na formação e na divulgação das várias técnicas para que o pão mantenha as mesmas características com menos sal” para chegar ao objectivo final.

Um novo olhar para a comida

Entre os premiados estão também o chef Nuno Queiroz Ribeiro e a nutricionista e blogger Ana Bravo. Os dois, com a colaboração do chef Luís Lavrador, são os responsáveis pelas novas ementas a servir nos bares dos hospitais. Uma verdadeira reviravolta que tirou das prateleiras os bolos cheios de açúcar para lá colocar produtos inspirados numa alimentação saudável e mais equilibrada. Produtos que já estão à venda no bar do Hospital S. Francisco Xavier, em Lisboa.

Também o realizador André Badalo, as televisões e a Sonae MC vão ser distinguidas pelo trabalho que têm desenvolvido na realização e divulgação de campanhas relacionadas com o exercício físico, alimentação saudável e programas dirigidos às escolas. A concluir a lista está a Associação Portuguesa de Bebidas Refrescantes Não Alcoólicas.

“Graças ao impulso de reformulação e redução dos teores de açúcar das bebidas açucaradas, os portugueses consumiram, em 2017, menos 5600 toneladas de açúcar do que no período homólogo anterior, com um impacto muito importante sobre a saúde dos portugueses”, destaca o ministério.

Uma vida dedicada à saúde

Já o Prémio Nacional de Saúde vai ser entregue ao médico João Manuel Godinho Queiroz e Melo, “pelo seu pioneirismo na transplantação cardíaca, pelos relevantes serviços prestados no ensino e na difusão de métodos avançados no tratamento da doença cardíaca”, explica a Direcção-Geral da Saúde.

Escolheu a carreira médica por influência do avô, também médico. Queiroz e Melo, agora com 73 anos, formou-se em 1968 na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, especializou-se em cirurgia geral e mais tarde em cirurgia cardiotorácica.

Deu também um “contributo decisivo no início da transplantação cardíaca em Portugal, tendo realizado o primeiro transplante do coração a 18 de Fevereiro de 1986, no Hospital de Santa Cruz”. Queiroz e Melo foi ainda responsável pelo iniciou de outras técnicas consideradas inovadoras, como os homoenxertos criopreservados e a cirurgia de fibrilhação.

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