China anuncia novas tarifas sobre soja e tabaco norte-americanos

Ao todo, vão ser taxados 106 produtos de importação norte-americana. Esta é a resposta de Pequim aos aumentos anunciados durante a noite pelos norte-americanos.

Foto
A China é o maior importador de soja norte-americana Reuters/Dan Koeck

A China anunciou, nesta quarta-feira, uma nova lista de produtos importados aos EUA que vão ser taxados. A nova leva de tarifas inclui 106 produtos, como a soja, os automóveis e o sumo de laranja, aos quais vai ser aplicado um imposto de importação de 25%. Esta é a resposta de Pequim às tarifas anunciadas durante a noite pelos norte-americanos, que irão afectar mais de 1300 produtos chineses, como televisões e motociclos.

A Casa Branca diz que está apenas a responder às práticas desonestas de roubo de propriedade intelectual. De acordo com as leis chinesas, as empresas norte-americanas são obrigadas a partilhar informação sobre tecnologia com os chineses para se instalarem no país.

Pequim diz que não quer começar uma guerra comercial, mas responde com uma nova lista de tarifas, no valor de mais de 50 mil milhões de dólares. A lista dos produtos a serem taxados é extensa e vai dos cereais aos químicos: aviões, produtos à base de milho, whiskey, charutos e tabaco, carne de vaca, lubrificantes, propano e alguns produtos plásticos, sorgo, algodão, trigo, camiões, SUV e alguns veículos eléctricos.

“Qualquer tentativa de colocar a China de joelhos através de ameaças e intimidação não vai ser bem-sucedida”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, citado pela BBC. “Não há vencedores numa guerra comercial, e quem a inicia é quem mais se prejudica”. Geng disse ainda que já tinha reportado a situação à Organização Mundial do Comércio.

No Twitter, Trump esclareceu que não está "numa guerra comercial com a China". "Essa guerra foi perdida há muitos anos, pelas pessoas insensatas e incompetentes que representavam os EUA", escreveu o Presidente norte-americano. Esclareceu que as medidas tomadas pelos norte-americanos são consequência do "défice comercial de 500 mil milhões de dólares por ano" e do "roubo de propriedade intelectual" no valor de 300 mil milhões de dólares por ano. "Não podemos permitir que [isto] continue!", concluiu. 

Os responsáveis chineses não deram uma data para a entrada em vigor das novas tarifas – dizem que fica dependente da entrada em vigor dos impostos anunciados por Trump.

Ao contrário da lista norte-americana, que tinha uma data de produtos chineses de nicho, como fornos de pão, a lista chinesa tem as jóias da coroa da exportação norte-americana, como a soja. A China é o maior importador de soja norte-americana: só no ano passado, o gigante asiático comprou 14 mil milhões de dólares em soja aos EUA. Com as novas tarifas, são as zonas agrícolas norte-americanas – tipicamente republicanas – que mais vão sofrer.

“Lamentamos que a soja esteja na lista. Tentámos de tudo para prevenir que isto acontecesse, e ainda estamos a pedir uma solução”, disse Zhang Xiaoping, o director chinês do conselho de exportações norte-americanas, à Reuters.

Alguns economistas já tinham avisado que as novas tarifas de Trump podiam obrigar a China a responder da mesma forma. Ainda assim, alguns investidores parecem ter sido apanhados de surpresa. “Assumia-se que a China não ia responder de forma muito agressiva para evitar a escalada de tensões”, explica Julian Evans-Pritchard, economista especializado na China da Capital Economics, em declarações ao Guardian. Os principais mercados europeus começaram o dia em queda. 

Na segunda-feira, a China já tinha tornado pública outra lista de produtos norte-americanos que iam sofrer com o aumento de taxas sobre as importações.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários