Será desta que Rui Rio acalma o PSD?

Partido reúne esta noite o Conselho Nacional para eleger o novo secretário-geral e falar sobre o seu governo-sombra.

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Rio vai explicar o que pretende do novo Conselho Estratégico Nacional Nuno Ferreira Santos

Ainda não há data para a apresentação da lista de coordenadores do Conselho Estratégico Nacional (CEN) que irão preparar as propostas sectoriais para o futuro programa de Governo do PSD. Rui Rio quer fazê-lo apenas quando todos os nomes, incluindo os dos porta-vozes, estiverem fechados, para não correr o risco de alguns serem vistos como segunda ou terceira escolhas. Mas a reunião do Conselho Nacional desta terça-feira à noite pode ser vista como o verdadeiro arranque da oposição responsável dos sociais-democratas.

Rui Rio vai tentar remendar dois problemas: o do secretário-geral, com a eleição do deputado José Silvano para o lugar deixado vago há duas semanas por Feliciano Barreiras Duarte; e também tentar acalmar as vozes críticas que se levantaram sobre a criação do CEN. O Conselho Nacional é o órgão onde Rio vai defender a necessidade de o PSD ter um Conselho Estratégico Nacional – um "Governo-sombra" que funcionará de forma descentralizada pelo país, onde houver massa crítica. A marcação da reunião do Conselho Nacional de hoje para o Porto – no Hotel Crowne Plaza, na Avenida da Boavista – é, aliás, um sinal dessa descentralização que Rio quer impor ao partido.

Do CEN só se conhece formalmente o presidente – o antigo ministro da Educação David Justino – e o coordenador para a área da Agricultura – o antigo ministro Arlindo Cunha. E é assim que Rio quer manter as coisas, embora circulem já os nomes de Álvaro Almeida (candidato do PSD à Câmara do Porto no ano passado) para assumir a área das finanças públicas; de Silva Peneda, ex-presidente do Conselho Económico e Social e antigo ministro de Cavaco Silva (e que recentemente aceitou presidir ao conselho consultivo para as relações laborais da Altice), para a pasta da Solidariedade e Bem-estar; de Álvaro Amaro, presidente da Câmara da Guarda, para a área da Reforma do Estado e Descentralização; de Luís Filipe Pereira, antigo ministro de Durão Barroso, para a área da Saúde; e do deputado José Matos Correia, que foi presidente do Conselho Estratégico do PSD com Passos Coelho, para tutelar a pasta da Administração Interna.

Embora não se conheçam os nomes, isso não quer dizer que não haja já trabalho em campo: há já secções de algumas distritais que estão a criar grupos de discussão. A ideia é incentivar os independentes e a sociedade civil a colaborar com o partido, trazer o país real para as propostas que serão compiladas nos programas eleitoral e de Governo.

Mas também não será preciso esperar ano e meio para as conhecer. A intenção é começar a fazer oposição real, estruturada e fundamentada ao Governo assim que possível. A nova direcção entende que a oposição do dia-a-dia cabe ao grupo parlamentar, na Assembleia da República, e a Rui Rio, nas iniciativas partidárias em que entender participar. E a oposição de fundo, em que o PSD quer mostrar que tem potencial para ser alternativa e chegar de novo ao Governo, terá que ser feita com propostas estudadas e com os respectivos impactos sociais e financeiros bem medidos.

Tudo isso irá Rui Rio explicar aos 70 conselheiros que, antes, vão eleger o novo secretário-geral do partido. Destes, apenas 34 foram eleitos pela lista conjunta de Rio e Santana Lopes. Embora José Silvano não seja um nome que suscite incómodo nas hostes sociais-democratas, há sempre o risco de, a coberto do voto secreto, poder ter mais votos brancos e nulos do que a favor, como aconteceu com Fernando Negrão. O que, não sendo uma derrota formal, é sempre um resultado difícil de explicar.

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