O que têm as cinco grandes Ligas europeias?

Em Inglaterra, há um campeonato de sub-23. Alemanha, França e Espanha têm equipas B. Em Itália, discute-se muito mas não há nada.

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Jogadores da selecção sub-21 da Inglaterra Ed Sykes/Reuters

O Manchester City é o líder destacadíssimo da Premier League e será campeão da Premier League inglesa mais cedo ou mais tarde. Mas na Premier League sub-23 está mais perto da despromoção que do primeiro lugar, que é ocupado pelo Leicester City. E o campeão sub-23 em título não é o Chelsea, mas o Everton. Não há equipas B no futebol inglês, mas equipas sub-23 que competem num campeonato próprio e é este modelo que serve de matriz para Portugal construir o seu modelo de escalão transitório para os jogadores jovens.

Este é um modelo que Pep Guardiola não gosta por razões óbvias. Porque ele próprio, enquanto jogador e treinador, fez a sua aprendizagem no Barcelona B, e porque a equipa B foi um espaço privilegiado de recrutamento quando passou a treinador principal dos catalães. Mas este é um modelo que tem dado frutos imediatos ao futebol inglês. A Inglaterra foi campeã de juniores em 2017, com uma equipa formada por jogadores que passaram pelas equipas sub-23 – alguns deles, claro, já com experiência de Premier League e no supercompetitivo Championship.

Em Espanha, a transição faz-se com equipas B. O melhor exemplo é a do Barcelona, que tem servido como viveiro de treinadores (Guardiola, Luis Enrique, Juande Ramos, entre outros) e jogadores (de Guardiola a Messi, muitos dos craques formados em La Masia passaram pelo Barcelona B). Quase todas as equipas da Liga espanhola têm equipas secundárias distribuídas entre a Liga Adelante (Barcelona e Sevilha) e a IV Divisão – e alguns clubes, como o Villarreal, têm equipas C. Um feito improvável de uma equipa B no futebol espanhol foi a campanha do Real Madrid Castilla até à final da Taça do Rei em 1980 – perderia na final com o Real Madrid por 6-1. E houve uma temporada na II Liga espanhola, em 1983-84, em que o Castilla foi campeão, seguido da equipa secundária do Athletic Bilbau.

França e Alemanha têm modelos semelhantes. Todas as equipas das duas divisões principais podem ter equipas B, mas nunca acima da III Divisão. Já o futebol italiano não tem qualquer tipo de competição para fazer a transição, com os jogadores a cumprirem a fase final da formação nas equipas “primavera” (juniores).

A introdução de equipas B já é uma discussão antiga no “calcio” e ganhou novo fôlego depois do fracasso da “squadra azzurra” nas qualificações para o Mundial 2018. Mas as estruturas do futebol italiano são o espelho do país. A federação italiana não conseguiu eleger um presidente para suceder a Carlo Tavecchio – não houve consenso - e teve de ser o presidente do Comité Olímpico Italiano a nomear, de emergência, um líder para os próximos seis meses. A adopção de equipas secundárias ainda estará longe para um país que ainda nem sequer tem novo seleccionador.

O desporto norte-americano tem estruturas semelhantes a campeonatos de reservas em várias modalidades. A Major League Baseball (MLB) funciona com um esquema de equipas afiliadas, o que os norte-americanos chamam de “farm system”, em que as equipas da Liga principal têm até seis equipas em Ligas secundárias. Os New York Yankees, por exemplo, têm seis afiliadas para colocar os jogadores excedentários, porque, tal como todas as outras equipas, estão sujeitas a um limite de jogadores que podem ter no plantel. A Liga Norte-Americana de Basquetebol profissional (NBA), por seu lado, tem uma Liga para desenvolver jogadores, a NBA G League – os campeões Golden State Warriors estão associados aos também californianos Santa Cruz Warriors.

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