Relatório norte-americano revela contaminação da água para consumo nas Lajes

Este relatório dá força às propostas do PS, PSD, CDS-PP, Bloco de Esquerda e Os Verdes, que vão ser discutidas nesta sexta-feira na Assembleia da Republica.

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Concelho da Praia da Vitória, ilha Terceira, Açores Nuno Ferreira Santos

As análises à água para consumo humano, captada em aquíferos na zona da Base das Lajes, no concelho da Praia da Vitória, na ilha Terceira, revelam excesso de hidrocarbonetos (como o naftaleno), dioxinas, amónia, ácido fosfónico, cobre, ácido acético, chumbo, trialometano, herbicidas e pesticidas. O relatório norte-americano, de 2015, foi revelado pelo jornal Expresso, e dá força às propostas do PS, PSD, CDS-PP, Bloco de Esquerda e Os Verdes, que vão ser discutidas nesta sexta-feira na Assembleia da Republica.

As propostas a serem discutidas no Parlamento são diferentes na forma mas não no conteúdo: todas apelam à descontaminação da água e solos na Base das Lajes, escreve o Expresso. A proposta do Bloco de Esquerda vai um pouco mais longe e, para além da “identificação da contaminação conhecida e potencial do aquífero basal” e da “remoção dos solos contaminados com chumbo” resultante dos tanques de combustível do Pico Celeiro, pede um "estudo do impacto na saúde pública e o desenvolvimento de estratégias adequadas, com a adopção de medidas de protecção individuais e colectivas das populações", acompanhado pelo Instituto Ricardo Jorge.

De acordo com o semanário, o Governo Regional já enviou pareceres sobre este assunto. O presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, pede um plano de descontaminação de água e solos assente em "acções concretas e calendarizáveis a desenvolver pelos EUA, que possam ser comunicadas claramente às populações". O Governo Regional diz ainda que as responsabilidades financeiras pela limpeza devem recair sobre o principal poluidor, os EUA. Se isso não acontecer, o Governo Regional insta o Estado português a arcar com os custos da execução.

Quanto à qualidade da água para consumo, os norte-americanos identificaram um valor de dioxinas 260 mil vezes superior ao máximo permitido pela legislação norte-americana na água para consumo da Base das Lajes. No caso do diquat, a concentração era 100 vezes superior, no glifosato e endotal era 50 vezes, no trialometano era 40 vezes e no metiocarbe era 30 vezes.

“A legislação portuguesa e europeia não têm muitos desses parâmetros [de análise da água] porque se trata de substâncias muito específicas associadas também a actividades específicas”, explica o investigador António Félix Rodrigues em declarações à Antena 1. A análise não é feita “porque não há grandes eventos de poluição desta natureza nem na Europa nem em Portugal”, acrescenta.

“Tendo em conta os registos de derrames de combustíveis de avião que foram ocorrendo nestes dez anos na base das Lajes era expectável que se encontrasse na água essas mesmas substâncias”, avalia. De acordo com o investigador, as pessoas que vivem dentro da Base das Lajes não devem consumir esta água – algo que já não acontecia, de qualquer forma. Os militares norte-americanos são aconselhados a beber apenas água engarrafada. A quem vive nas proximidades, o investigador recomenda “ver qual é a água que chega à casa de cada um” e alternar as águas como forma de protecção da saúde.

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