Filha de Proença de Carvalho desmente Ministério Público

Administradora bancária diz que Sonangol não tinha 29,9% do Banco Privado Atlântico Europa, como está escrito na acusação.

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Orlando Figueira, ex-procurador e arguido da Operação Fizz

A administradora do Banco Privado Atlântico Europa, Graça Proença de Carvalho, desmentiu o Ministério Público em tribunal, nesta quinta-feira, no que respeita à estrutura accionista desta entidade bancária.

No interrogatório a que foi submetida na qualidade de testemunha do julgamento da Operação Fizz, a filha do advogado Daniel Proença de Carvalho garantiu que a tese que sustenta a acusação, segundo a qual a petrolífera angolana Sonangol tinha, em 2011, uma parcela de 29,9% do Banco Privado Atlântico, não corresponde à realidade: aquela participação era de apenas 20%, garantiu.

A questão é revelante porque é neste tipo de ligações que se baseia o Ministério Público para dizer que quando o procurador português Orlando Figueira foi contratado para ir trabalhar para uma empresa daquele grupo bancário, detido maioritariamente pelo banqueiro angolano Carlos Silva, estava, na realidade, a receber uma compensação por conta de ter arquivado, no Departamento Central de Investigação e Acção Penal, um inquérito que visava o então líder da Sonangol, Manuel Vicente, por suspeitas de branqueamento de capitais.

Mas quais eram, afinal, as relações de Manuel Vicente com Carlos Silva que lhe permitissem usar o ramo europeu do Banco Privado Atlântico como testa-de-ferro? Graça Proença de Carvalho confirmou que entre 2008 e 2011 foi, de facto, presidente da holding que detinha o Banco Privado Atlântico Europa.

“Por via dos poderes conferidos pelo exercício do cargo de presidente da Sonangol e nessa qualidade presidente do conselho de administração da Atlântico Europa SGPS, Manuel Vicente sabia que o Banco Privado Atlântico Europa cumpriria indicações dadas por si relativamente à abertura de contas e à concessão de financiamentos a Orlando Figueira”, arguido da Operação Fizz, pode ler-se na acusação. Segundo o Ministério Público, o pagamento de luvas foi feito não só através de um emprego fictício como de um empréstimo bancário de 130 mil euros, cujo pagamento nunca seria exigido.

Graça Proença de Carvalho diz não se recordar de o seu banco ter concedido aquele empréstimo, até porque tudo se passou há sete anos. Mas garante que não recebeu pressões de ninguém para lhe conceder o crédito. E muito menos de Manuel Vicente, a quem nem tem a certeza de algum dia ter sido apresentada.

Quando foi preciso rescindir o contrato de trabalho de Orlando Figueira com a empresa do grupo do banqueiro Carlos Silva, o procurador diz ter sido Daniel Proença de Carvalho quem tratou de tudo. O advogado deverá ser ouvido em tribunal no próximo dia 5 de Abril.

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