May vai pedir a estados europeus que expulsem espiões russos

"O desafio russo vai durar anos", vai dizer Theresa May aos líderes no jantar que encerra o Conselho Europeu.

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Theresa May, primeira-ministra britânica LUSA/WILL OLIVER

O Reino Unido vai pedir aos líderes europeus reunidos no Conselho Europeu desta quinta-feira que expulsem os agentes dos Serviços Secretos russos dos seus países. O objectivo de Theresa May é acabar com a rede de espionagem do Kremlin, apelando a uma resposta concertada ao ataque em solo britânico com o agente neurológico Novichok, uma “violação do direito internacional”, segundo May. 

Num documento de antevisão da reunião, ao qual alguns meios de comunicação internacionais tiveram acesso, May responsabiliza a Rússia pelo ataque ao espião russo e agente duplo Sergei Skripal. Descreve o ataque como um “acto indiscriminado e imprudente contra o Reino Unido” equiparando-o a “uma tentativa de homicídio, recorrendo a uma arma química ilegal" "Arma que sabemos que a Rússia possui”, cita o Politico.

O objectivo da primeira-ministra britânica é pôr em evidência um padrão de comportamento agressivo de Moscovo. Pretende também salientar que o uso de Novichock foi uma “clara violação” do direito internacional e incitar à sua reprovação inequívoca por parte dos estados europeus.

“O desafio russo vai durar anos”, dirá a líder durante o jantar de líderes. “Enquanto democracia europeia, o Reino Unido vai estar ao lado da União Europeia e da NATO para enfrentar essas ameaças juntos. Unidos conseguimos”, cita o Guardian.

O Reino Unido vai então pedir que os líderes europeus expulsem diplomatas russos implicados em actividades de espionagem, seguindo o exemplo britânico. Na semana passada, May expulsou 23 diplomatas russos, suspeitos de estarem implicados numa rede de espionagem.

Um alto representante do Parlamento britânico contou ao Guardian que May pretende mostrar que a Rússia é “um inimigo estratégico e não um parceiro estratégico”, lembrando os ciberataques a países como a Alemanha, a Dinamarca ou os EUA e agressões na Síria e na Ucrânia. “A ameaça russa não respeita fronteiras e por isso estamos todos em risco”, dirá May, de acordo com o diário britânico.

Não se espera que seja tomada uma acção conjunta sobre o tema. O objectivo, segundo o representante do Parlamento britânico ouvido pelo Guardian, é dar início a "um processo gradual, que vai levar tempo - é um desafio a longo prazo”.

Nos últimos dias, alguns países europeus, como a Grécia, mostraram-se relutantes na reprovação do comportamento russo. Os franceses e alemães, em conjunto com os norte-americanos, posicionaram-se explicitamente contra a Rússia, prometendo uma "resposta apropriada". Os ministros dos Negócios Estrangeiros europeus, num comunicado conjunto, afirmaram levar “muito a sério” as acusações britânicas.

“Agradecemos o apoio que os líderes europeus nos deram até agora”, vai dizer May no jantar, de acordo com o Politico.

“Queremos trabalhar com os nossos aliados europeus para defender e proteger a ordem baseada no direito internacional, para responsabilizar a Rússia pela sua violação clara das leis internacionais, para garantir que um crime hediondo como este não volta a ser repetido, para proteger a nossa segurança partilhada face ao desafio a longo termo que a Rússia impõe”, dirá May.

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