Google dedica 300 milhões de dólares a combater notícias falsas

A empresa continua a tentar acabar com a informação falsa na plataforma e promover o jornalismo digital, admitindo que é cada vez mais difícil fazê-lo.

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A empresa comprote-se a investir cerca de 244 milhões de euros nos próximos anos Reuters/Dado Ruvic

Tal como o Facebook e o Twitter, o nome da Google é recorrente em controvérsias sobre a difusão de notícias falsas e teorias da conspiração. Esta semana, a empresa disse que vai investir 300 milhões de dólares (cerca de 244 milhões de euros) para combater notícias falsas nos próximos três anos, e anunciou o lançamento do seu sistema de assinaturas para jornais (onde terá parte das receitas) para promover a subscrição de produtos digitais que são fontes credíveis de informação.

Parte do dinheiro (a Google não revela quanto) vai para a Aliança de Credibilidade (Credibility Coalition) com quem a Google tem uma parceria, e que está a desenvolver formas de permitir a terceiros avaliar conteúdo noticioso online. “As palavras do artigo são idênticas ou muito semelhantes às palavras de outra publicação?” — esta é uma das perguntas a serem incluídas nos inquéritos teste.

As iniciativas fazem todas parte da Google News Initiative (GNI), que a empresa descreve como uma aposta para “promover jornalismo digital”. Grande parte do conceito, porém, não traz novidades: o projecto de assinaturas já tinha sido apresentado em Outubro, e a GNI lembra a DNI (desta vez, sigla para Digital News Initiative). Foi em 2015 que a empresa se comprometeu a apoiar projectos inovadores de editores de media europeus com 150 milhões de euros ao longo de três anos (o PÚBLICO tem três projectos co-financiados pela DNI). 

A nova GNI, que também se compromete a promover jornalismo de qualidade na Internet, criar modelos de negócio sustentáveis para as organizações noticiosas e fortalecer organizações noticiosas através da inovação digital, é, no fundo, uma compilação dos vários projectos da Google para combater a má informação na Internet.

Ao longo dos últimos anos, a empresa recrutou equipas de verificação de factos, deu mais ênfase à origem das fontes, criou fundos para apoiar a inovação digital no jornalismo e criou tutoriais para ensinar as pessoas a detectar informação falsa. A GNI, por exemplo, incorpora o Disinfo Lab, que é um novo laboratório para combater a má informação em períodos eleitorais e notícias de última hora, e a MediaWise uma iniciativa para promover a literacia digital dos mais jovens. A Universidade de Stanford e o Instituto Poynter, uma das mais reputadas escolas de Jornalismo dos Estados Unidos, estão entre os parceiros.

A própria empresa, porém, admite que os vários projectos não têm sido suficientes. Recentemente, os vídeos mais vistos do YouTube (uma empresa da Google) diziam que os estudantes que sobreviveram ao tiroteio recente na escola de Parkland, que vitimou 17 pessoas nos EUA, eram todos actores

“Está a tornar-se cada vez mais difícil distinguir o que é verdade (e o que não é) online”, lê-se no comunicado da Google partilhado esta semana. “A rápida evolução da tecnologia está a desafiar todas as instituições, incluindo a indústria noticiosa.” Com a GNI, a Google quer mostrar que continua atento ao problema.

Notícia actualizada às 15h05 de 21 de Março com informação detalhada sobre o programa da Google e referência à anterior iniciativa da empresa

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