A casa aberta de Luís tem café, livros e decoração vintage

Será uma livraria, um café? Uma mistura dos dois? A Alambique, na Rua Formosa, no Porto, é tudo isto e muito mais.

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Joana Gonçalves
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Quem sobe o degrau do número 214 da Rua Formosa fica para lá da montra, a espreitar. Será uma livraria, um café? Uma mistura dos dois? É tudo isto e muito mais. Na Alambique serve-se café, doçaria, uma boa leitura, acompanhada de uma exposição de arte, e ainda há espaço para uma loja vintage. Localizado numa perpendicular à Rua de Santa Catarina, no Porto, o espaço foi criado por Luís e Susana Félix, que entretanto se afastou do projecto.

“Foi surgindo”, explica o co-fundador, de 35 anos. E a Alambique bem que poderia ser o seu livro de recordações — e até mesmo a sua (segunda) casa. Mas não apenas sua, porque a Alambique quer ser a casa de todos: uma casa com o olhar “quase egoísta e um bocado egocêntrico” de Luís. “Porque isto, para ser genuíno, tem que ser ao meu gosto. E a Alambique é quase um caso que não é por acaso: juntou tudo aquilo pelo qual passei e tudo aquilo que vivi.”

Saído das Belas-Artes do Porto, com um diploma em Escultura debaixo do braço, Luís aventurou-se no mercado de trabalho. Deu explicações, passou por um laboratório fotográfico, foi livreiro por muitos anos e depois comprou o espaço que já tinha sido um estúdio de gravação.

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A primeira ideia foi criar um conceito inovador, mas a paixão pelo café falou mais alto. “Os meus pais tinham um negócio e eu sempre gostei de tirar café e de usar a máquina. Sempre tive aquele bichinho.” E esta pequena vontade criou o primeiro conceito da Alambique. Com um café de especialidade e de torra artesanal, vindo directamente da Maia, Luís diz que este é apenas um dos produtos que atrai (cada vez) mais consumidores ao seu estabelecimento. “O brownie ganhou uma fama que não se esperava e a tarte merengada de limão também ganhou algum nome.” E como estas existem outras doçarias a provar. Embora não sejam de fabrico próprio (mas “quem faz, faz só para a Alambique”), Luís admite que os produtos “são bons, mas poucos” — apesar de uma nova fornada de novidades poder estar mesmo para breve.

“É tudo escolhido a dedo”, explica, e nem os livros lhe escapam. No ramo há longos anos, Luís não pôde excluir a ideia de ter uma livraria dentro da Alambique. Desde filosofia à banda desenhada, passando pela literatura, cinema, fotografia e livros infanto-juvenis, na estante à entrada vê-se um conjunto de mundos à espera de serem folheados. E longe estava Luís de imaginar que em 2017 ganhasse o prémio da APEL, que conferiu ao estabelecimento o título de Livraria Preferida com Melhor Ambiente do País — “a livraria menos livraria a ganhar este título”, como brinca o proprietário. Mas nem só disto se faz a Alambique.

Na segunda estante, como quem entra porta adentro, estão expostos copos, pratos, frascos, garrafas, postais, cadernos da Firmo e mais outros objectos que nos transportam para a infância — e estes estão para venda também. “Agora começo a ter peças de artistas, de autor.” E as exposições também são presença assídua na Alambique. Apesar de a ideia não ter sido concretizada logo quando o estabelecimento abriu portas — em Setembro de 2016 —, Luís garante que mensalmente recebe uma exposição diferente: algo que é, em parte, facilitado pela grande rede de amigos ilustradores que foi coleccionando desde os tempos da faculdade.

“Cada pessoa vê a Alambique com os seus próprios olhos: há quem veja como um café, há quem veja como uma livraria, como uma loja de decoração… Nós queríamos que fosse uma casa aberta ao público.” E, por isso mesmo, Luís prefere que o espaço seja visto como uma “casa com livros” ou uma “casa com café”. Admitindo que primeiro escolheu o nome e só depois o seu conceito, o (também) designer refere que veio a descobrir que “Alambique faz todo o sentido, porque, tal como o engenho, o espaço está sempre a destilar qualquer coisa”.E é mesmo esse o propósito: estar em constante transformação.

Mas — afinal — o que é a Alambique? “Isso agora... É difícil explicar a quem nunca cá veio. Se calhar era melhor vires cá.”

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Texto editado por Sandra Silva Costa

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