Há mais 100 hectares de área ardida em 2017 do que mostram os números oficiais

Os números do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas não contabilizam a área ardida em terrenos agrícolas por estarem fora das suas atribuições institucionais.

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A diferença de cerca de 100 mil hectares correspondente às áreas agrícolas ardidas equivale ao tamanho de mais de dez cidades de Lisboa Adriano Miranda

As estatísticas oficiais sobre a área ardida em Portugal em 2017 deixam de fora mais de 100 mil hectares ardidos em áreas agrícolas, noticia a TSF nesta segunda-feira. Os números apresentados pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que dão conta de cerca de 442 mil hectares ardidos, são incongruentes com os apresentados pela Comissão Europeia, que aponta para os 570 mil hectares.

Esta diferença, explica fonte do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS) da Comissão Europeia à TSF, deve-se pela exclusão da área agrícola das contas do ICNF. A EFFIS usa imagens de satélite para fazer a contagem e inclui nessa análise todas as áreas ardidas num incêndio, incluindo todos os tipos de terrenos agrícolas.

Já o ICNF, fonte oficial em Portugal, exclui esses terrenos e contabiliza apenas a área ardida em floresta ou matos. Existem números para as áreas agrícolas, mas a autoridade nacional não as comunica porque tudo o que está fora do espaço florestal fica fora das suas atribuições institucionais.

O relatório provisório do ICNF dá conta de apenas 442 mil hectares ardidos no rescaldo dos fogos de 15 de Outubro. Estas estatísticas são posteriores às da Comissão Europeia e foram amplamente divulgadas pela comunicação social, incluindo pelo PÚBLICO.

Os números da Comissão Europeia apontam para os 563 mil hectares, contabilizando 456 mil hectares ardidos em floresta ou mato, número muito semelhante ao total do ICNF. A diferença de cerca de 100 mil hectares correspondente às áreas agrícolas ardidas equivale ao tamanho de mais de dez cidades de Lisboa.

Contactados pela TSF, o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural e o ICNF confirmam que até agora só se contavam as áreas florestais ardidas nos incêndios. Neste momento, no entanto, "já contabilizam a área agrícola", mudança introduzida com a publicação da Lei 76/2017, no fim de Agosto.

Salientam que os valores em Portugal continuam a ser provisórios, mas são “próximos” ou seja, "rondam os 570 mil hectares, podendo ainda existir uma margem de erro de 10%", escreve a TSF.

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