Greve dos professores com uma adesão “superior” no segundo dia

Paralisação decorreu nos distritos de Évora, Portalegre, Beja e Faro. Fenprof diz que adesão rondou os 70%.

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Nogueira acusou o Governo de estar a "tratar os professores como trabalhadores de segunda" Nuno Ferreira Santos

O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, indicou na tarde desta quarta-feira, em Évora, que o segundo dia dos quatro marcados para a realização de greves regionais teve uma adesão que ronda os 70% e que por isso é "superior" à registada na véspera.

A greve desta quarta-feira abrangeu os distritos de Évora, Portalegre, Beja e Faro. A de terça-feira, com uma adesão entre os 60 e os 70%, segundo os sindicatos, realizou-se nos distritos de Lisboa, Santarém, Setúbal e na região autónoma da Madeira. “A tendência é que a adesão vá continuar a subir nos próximos dois dias”, alturas em que a paralisação chega ao Centro e Norte do país, adiantou Mário Nogueira.

Também a Federação Nacional da Educação (FNE) insistiu, em comunicado divulgado nesta quarta-feira, que a greve de professores está a manter níveis de adesão “que o Governo não pode ignorar”.

Mário Nogueira reafirmou que estão já a ser discutidas novas acções de protesto, nomeadamente uma “grande manifestação nacional” no início do 3.º período que “fará lembrar outros tempos”, disse numa referência à manifestação de 2008 que juntou mais de 100 mil docentes em protesto contra a então ministra socialista da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.

“O Governo não pode tratar os professores como trabalhadores de segunda”, avisou Nogueira, acrescentando que a postura do executivo demonstra “uma tremenda falta de respeito pelo trabalho” dos docentes.

Em causa está a posição assumida pelo Governo de apenas vir a contabilizar, para efeitos de progressão na carreira, pouco mais de dois anos dos nove do tempo de serviço cumprido pelos professores durante o período de congelamento.

Os sindicatos têm sublinhado que os docentes “foram penalizados com cortes salariais e congelamento de tempo de serviço, como os demais trabalhadores da Administração Pública, e não admitem que, no momento da recuperação desse tempo de serviço, não lhes seja dado tratamento semelhante ao de outros trabalhadores”.

Nas carreiras gerais da Administração Pública serão contabilizados os sete anos de tempo de serviço prestado durante o congelamento, o que não acontecerá com os docentes. O Governo tem insistido que esta é a forma de garantir a “equidade” na função pública. Mais concretamente, especifica que: “nas carreiras gerais, um módulo padrão de progressão corresponde a 10 anos. Na carreira docente, o módulo padrão é de 4 anos. Assim, os 7 anos de congelamento, que correspondem a 70% do módulo de uma carreira geral, traduzem-se em 70% de 4 anos na carreira docente, ou seja, 2 anos, 9 meses e 18 dias”.

Em declarações nesta quarta-feira, o ministro da Educação disse que a proposta final apresentada na segunda-feira aos sindicatos dos professores sobre a recuperação do tempo de serviço é a única "passível de execução" e que permite agir com "equidade”.

"Não podemos pôr em risco o descongelamento [das carreiras] de todos os funcionários públicos", declarou.

 

 

 

   

 

 

 

 

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