Mau tempo em Lisboa provoca abatimentos no Chiado, Anjos e Campo de Ourique. Torre de Belém encerrada

As inundações levaram ao encerramento da Escola Básica dos Olivais, “por motivos de segurança”. Em Carnide, o talude que estava a colocar várias habitações em risco foi estabilizado. A organização da meia-maratona de Lisboa, que decorre este domingo, tem uma alternativa, caso o mau tempo impossibilite a passagem pela Ponte 25 de Abril – mas não tencionam accioná-la. Protecção Civil não dá conta de feridos nos vários aluimentos.

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O buraco na Rua Garrett, no Chiado SEBASTIÃO ALMEIDA
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O mau tempo está a causar vários danos e constrangimentos em todo o país. A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) registou, entre a meia-noite e as 18h00 desta sexta-feira, 582 ocorrências no continente, sendo Lisboa, Santarém, Setúbal e Castelo Branco os distritos mais afectados, na sua maioria, a inundações, limpeza de vias e queda de árvores.

Na capital, foram registadas 266 ocorrências, entre as quais vários abatimentos do piso: um na Rua Garrett, no Chiado, que obrigou ao corte temporário da circulação; foi registado outro na Rua de Angola, nos Anjos; e ainda um abatimento do piso na Rua do Arco do Carvalhão, em Campo de Ourique – que, segundo a Protecção Civil, será um buraco ainda maior do que o que existe no Chiado. Na zona ocidental da capital, a Torre de Belém foi fechada ao público, “por questões de segurança, até à melhoria das condições do estado do tempo e do mar”, avisa a Direcção-Geral do Património Cultural em comunicado.

Devido às inundações resultantes da chuva forte, foi também encerrada a Escola Básica dos Olivais. Fonte da Câmara Municipal de Lisboa confirmou à Lusa que esta escola estará encerrada durante todo o dia de sexta-feira “por motivos de segurança” e que as crianças estão a ser encaminhadas para outro espaço. Os Bombeiros Sapadores de Lisboa disseram à Lusa que a escola foi encerrada às 10h47 devido à inundação dos recintos, não havendo assim condições para a permanência das crianças no estabelecimento.

No Chiado, ocorreu um abatimento do piso na Rua Garrett que obrigou ao corte temporário da circulação, informou a Protecção Civil. O piso cedeu na parte pedonal da rua, na zona de esplanada da Pastelaria Bénard, o que terá sido “causado pelas fortes chuvas” e mostra “alguns sinais” de poder continuar a abater.

O piso aluiu por volta das 8h00, disse ao PÚBLICO a proprietária da pastelaria, Maria Augusta Gomes. Apesar de nunca ter ocorrido ali nenhuma situação semelhante, “era de prever”, que um dia acontecesse, diz Maria Augusta.

“Isto são resquícios das obras do metro que foram feitas de qualquer maneira. Isto é só areia aqui para baixo”, notou, queixando-se do tempo que as autoridades demoraram a chegar ao local. As grades que estão a vedar a zona afectada apenas foram colocadas pela Polícia Municipal ao início da tarde. 

“Cerca de 50% da minha facturação é feita na esplanada”, disse, temendo que o incidente lhe prejudique o negócio. Da parte da Polícia Municipal, do Regimento de Sapadores de Bombeiros e da Protecção Civil Maria Augusta Gomes diz que ninguém lhe soube dizer quando vão arranjar o buraco. “Ainda por cima é fim-de-semana. Se eles não vêm fazer nada, com a carga de água que está a cair, nem sei. Isto está tudo assente em areia”, insistiu.

Na Rua de Angola, a circulação foi totalmente cortada. Segundo a fonte, trata-se de um “abatimento contínuo” e é necessário retirar todas as viaturas que ali se encontram estacionadas. “Este tipo de abatimento significa que o piso pode continuar a abater. Por razões de segurança as viaturas que estão estacionadas no local vão ser removidas”, afirmou. A Rua de Angola é uma das vias perpendiculares à Avenida Almirante Reis, no centro da cidade. O trânsito está cortado desde a manhã, sem haver ainda uma previsão para a reabertura. Por volta das 14h30 estavam no local meios do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, da Polícia Municipal e da Protecção Civil Municipal a avaliar os estragos causados e a cortar o trânsito.

Para Campo de Ourique, onde as chuvas também causaram um abatimento de piso, estava a ser enviada maquinaria pesada por volta das 14h50. Na Rua do Arco do Carvalhão, indicou a fonte da Protecção Civil Municipal, o buraco provocado será maior do que o que foi registado sexta-feira na Rua Garrett, no Chiado.

Os abatimentos não provocaram danos materiais, nem fizeram feridos, informou a Protecção Civil municipal, referindo que as equipas se mantêm nas zonas afectadas a monitorizar a situação.

A mesma fonte explicou também que, devido às previsões meteorológicas, nos próximos dias estarão no terreno, 24 sobre 24 horas, equipas de técnicos da Protecção Civil, com especial incidência nas zonas junto à faixa costeira.

Outra escola encerrada foi Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC), na Amadora, distrito de Lisboa. Os alunos foram avisados por e-mail de que as instalações da escola estarão encerradas, “por questões de segurança”, entre sexta e sábado, devido às inundações provocadas pelo mau tempo. “A actividade da ESTC irá ser retomada, normalmente, na próxima segunda-feira, dia 12 de Março”, lê-se no e-mail. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar a instituição de ensino superior.

Meia-maratona de Lisboa tem “plano B”

O presidente do Maratona Clube de Portugal, Carlos Móia, observou nesta sexta-feira que a organização da meia-maratona de Lisboa tem um “plano B”, caso as condições meteorológicas impossibilitem a passagem pela Ponte 25 de Abril, mas assinalou que, para já, “esse cenário está afastado”. “Ontem [quinta-feira], houve uma reunião com a polícia, a Protecção Civil e a Lusoponte [empresa concessionária da travessia rodoviária da Ponte 25 de Abril] e, obviamente, a organização tem um plano B. Mas penso que esse plano B não será accionado”, disse Carlos Móia, em conferência de imprensa.

O presidente do Maratona Clube de Portugal frisou que, “neste momento, esse cenário está afastado”, embora só no sábado, a menos de 24 horas do início da prova, prevista para domingo, seja “tomada uma decisão final”. “Não há alarme. Não estou a ser demasiado optimista. Tenho até de ser bastante previdente. A partida está prevista para a Ponte 25 de Abril, não será é com o tempo que queremos”, reforçou o responsável máximo pela organização.

O “plano B” passa pela mudança do local de partida da prova, da praça de portagens da Ponte 25 de Abril, em Almada, para o eixo rodoviário norte-sul – que será fechado ao trânsito –, na zona do Jardim Zoológico, já em Lisboa. Os participantes na 28.ª edição da meia-maratona de Lisboa, que atingiu 35.000 inscritos (seis mil dos quais estrangeiros) percorrerão aquela via de acesso à Ponte 25 de Abril até à entrada de Alcântara, seguindo depois pelo trajecto previsto.

A prova de elite, que não será afectada por qualquer alteração de última hora, pois tem a partida marcada para Algés, apresenta como grande referência o eritreu Zersenay Tadese, vencedor da prova em 2010 – com um recorde do mundo de 58.23 minutos, que ainda se mantém –, 2011 e 2012.

Talude em Carnide está estabilizado

Por outro lado, a intervenção para estabilizar o talude que estava a colocar várias habitações em risco perto do Bairro Serra da Luz, nos limites dos municípios de Lisboa e Odivelas, está terminada, disse nesta sexta-feira o presidente da Junta de Carnide (Lisboa). Na quinta-feira, um aluimento de terras devido ao mau tempo na zona tinha deixado habitações em risco.

Segundo Fábio Sousa (PCP), o local reúne, neste momento, todas as condições de segurança necessárias e os habitantes regressaram na quinta-feira ao final do dia para as suas casas; já um homem que morava numa barraca teve de ser realojado. “Neste momento apenas é necessário fazer alguns trabalhos de limpeza, decorrentes da intervenção realizada no talude”, explicou.

De acordo com o responsável, o homem com cerca de 50 anos que ficou desalojado, e que tinha anteriormente sido acompanhado pelos serviços sociais camarários de Lisboa e Odivelas, será agora seguido pelos serviços sociais da freguesia de Carnide.

A intervenção no talude foi realizada por funcionários da Câmara Municipal de Lisboa, que trabalharam na quinta-feira, sob a monitorização e a avaliação das autoridades competentes. A “demolição das barracas” existentes na zona afectada continua a ser necessária, segundo o autarca, mas ainda não se sabe quando será feita.

Também a Escola EB 2,3 Rui Grácio, em Montelavar, Sintra, foi encerrada por por “precaução e segurança” durante a tarde desta sexta-feira. A forte chuva durante a manhã provocou inundações no exterior e infiltrações na escola. 

mau tempo vai prolongar-se nos próximos dias, segundo as previsões meteorológicas.

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