Onze países assinam acordo para desafiar proteccionismo dos EUA

Países como Austrália, Canadá e Japão subscreveram o acordo e são alguns dos principais aliados comerciais dos norte-americanos.

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Reuters/RODRIGO GARRIDO

Para desafiar a política proteccionista da Administração Trump, 11 países assinaram na quinta-feira, na capital do Chile, Santiago, um acordo comercial que envolve alguns dos principais aliados dos EUA no domínio do comércio, como o Canadá, o Japão e a Austrália. Para os 500 milhões de consumidores e os governos destes países, trata-se também de responder à retirada dos EUA de um acordo comercial no Pacífico, o chamado TPP (Trans-Pacific Parternership), que pretendia responder ao peso crescente da China em matéria de comércio e investimento.

O acordo agora assinado baixa de forma substancial os direitos aduaneiros e estabelece novas regras de mercado para beneficiar o comércio e o investimento em novas áreas como produtos agrícolas ou serviços tecnológicos e digitais. Um exemplo, citado pelo New York Times (NYT), sobre as consequências práticas deste acordo: a compra de carne bovina dos EUA por parte do Japão está sujeita a uma taxa de 38,5% sobre o produto importado, enquanto o mesmo produto proveniente da Austrália, da Nova Zelândia ou do Canadá estará isento.

Além destes quatro países agora citados, o acordo envolve também o México, o Vietnam, Chile, Peru, Malásia, Singapura e Brunei. Estimativas citadas pelo mesmo diário nova-iorquino, feitas pelo Peterson Institute for International Economics, apontam que este acordo pode valer 147 mil milhões de dólares em receita adicional em termos de comércio e investimento. Os governos envolvidos salientam ainda que ao abrigo deste acordo poderão reforçar a protecção da propriedade intelectual e melhorar o mercado laboral.

Sem citar os EUA, a anfitriã do encontro que levou à assinatura deste acordo, a Presidente chilena Michelle Bachelet, mostrou quem é o principal visado desta iniciativa. "Em termos globais, o nível de incerteza tem vindo a aumentar devido a adopção de certas medidas ou políticas por parte de alguns parceiros-chave", afirmou Bachelet, momentos antes da assinatura, segundo declarações citadas pelo NYT. "Precisamos de nos manter no caminho da globalização, aprendendo com os erros do passado", prosseguiu, depois de salientar que "questionar os princípios que têm gerado prosperidade" é uma má aposta.

O responsável pela diplomacia do Chile, o ministro Heraldo Muñoz, por seu lado, destacou que se trata de um "acordo aberto a todos", incluindo a China. "Este acordo estará aberto a todos os que aceitarem os seus pressupostos. Não é um acordo contra ninguém. É a favor do comércio livre."

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